A operação está em curso, mas a dimensão da encomenda e a saturação no mercado, pressionado pelo enorme aumento da procura provocado pela pandemia, o teletrabalho e o ensino à distância, impedem que os primeiros equipamentos informáticos para alunos e professores cheguem logo no início do ano letivo, tal como anunciado pelo primeiro-ministro em abril, numa entrevista à Lusa.
“O programa para a transição digital está a avançar, há concursos abertos e um trabalho muito intenso. Mas estamos a falar da aquisição de 1,5 milhões de máquinas. É uma operação de monta, num momento de rutura da capacidade de produção. Vamos ter entregas no 1º período, mas não posso precisar o dia”, explica o secretário de Estado da Educação, João Costa.
Os equipamentos serão entregues de forma faseada e os alunos mais carenciados estarão entre os primeiros a recebê-los, no âmbito de um programa que se prolongará até ao próximo ano. No caso de ser necessário mandar turmas para casa ou fechar escolas, aos alunos que ainda não tiverem estes recursos será garantido apoio presencial, assegura o governante. Recorde-se que no ano letivo passado, a existência de um número muito significativo de estudantes sem computador disponível ou ligação à internet foi uma das maiores dificuldades da concretização do ensino à distância, determinado pelo encerramento de todos os estabelecimentos de ensino em março.
O programa de digitalização das escolas, que prevê também a garantia de “conectividade móvel gratuita para alunos e professores”, o acesso a recursos digitais de “qualidade” (como manuais, aulas e testes interativos) e a formação de três mil docentes, já estava previsto no programa do Governo, mas foi acelerado por causa da pandemia. Para o financiamento, o Governo conseguiu canalizar um total de 400 milhões de euros de fundos comunitários.
Outra das garantidas dadas pelo Ministério da Educação esta semana prende-se com o regresso da telescola aos ecrãs da RTP. Como as primeiras semanas nas escolas serão de recuperação das aprendizagens, haverá, a partir de segunda-feira, repetição das aulas já transmitidas no passado ano letivo. A partir de meados de outubro serão emitidos novos conteúdos diários para o ensino básico. Outra alteração prende-se com a separação das aulas para as crianças do 1º ano e do 2º, antes integradas no mesmo bloco.
Quanto aos alunos do secundário, passarão a ter acesso a aulas temáticas que estarão disponíveis na plataforma digital RTP Play.