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A Inteligência Artificial e a Educação in Observador

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A Unesco,  promoveu em Maio 2019 uma conferência sobre a Inteligência  Artificial e a Educação – O  Consenso  de Beijing . Nesta conferência,  foram analisados os desafios da Inteligência Artificial na Educação, foram focadas as oportunidades que poderão  existir com a sua aplicação, o desenvolvimentos de políticas públicas da Educação, a utilização da IA no desenvolvimento de conteúdos e avaliação de aprendizagens, as questões éticas a ter conta e ainda  o desenvolvimento de valores e competências com IA ao longo da vida.

As questões de desenvolvimento de competências e modelos educacionais do ensino secundário, técnico e superior, mais democráticos e equitativos também  foram ponderados.  Assim como,  a promoção do  seu uso equitativo na educação ao longo da   vida e focou-se na necessidade de promover a literacia digital nos grupos dos mais velhos de forma a garantir a sua permanência no mercado de trabalho.

No mesmo relatório, existem dois parágrafos sobre os quais me vou debruçar:

 

“12. Lembrando que, embora a IA ofereça oportunidades para apoiar os professores em suas responsabilidades educacionais e pedagógicas, a interação e a colaboração humana entre professores e estudantes deve permanecer no centro da educação. Estar ciente de que os professores não podem ser substituídos por máquinas, e garantir que seus direitos e condições de trabalho estejam protegidos.

13. Revisar e definir dinamicamente as funções e competências exigidas dos professores no contexto das políticas dos professores, fortalecer as instituições de treinamento de professores e desenvolver programas apropriados de capacitação para preparar os professores para trabalharem efetivamente em ambientes de educação que utilizem IA de maneira plena. “

 

 O Professor  conhece os processos de aprendizagem, sabe como se  devem implementar , porque esteve  nessa posição, isto é,  teve de apreender todo o seu conhecimento. A aquisição do conhecimento provém de múltiplas experiências, a leitura,  a seleção de informação, a visualização da ação quer em filme quer de forma presencial.

Como professora, apresento contextos  pelos quais quase todos passamos,  como a aprendizagem de “andar de bicicleta.”.  Existe uma memória física, cognitiva,  emocional e social de “andar de bicicleta”. A Inteligência artificial fornece as respostas, para as quais foi programada.

 Não preciso de ser  doutorada em física para perceber que devemos travar quando fazemos o deslocamento numa estrada íngreme, até as crianças de 6 anos sabem isso, caíram, passaram por essa experiência.  A Inteligência Artificial necessita de alguém com conhecimentos em Física para lhe fornecer as fórmulas.

 

O contacto visual, a posição das mãos, a postura e movimentos corporais são situações de comunicação não verbal. Esta temática é estudada pela psicologia, e utilizada na comunicação comercial e política.

A comunicação não verbal é um canal imprescindível para o ato de ensinar, pois dá sinais ao professor da necessidade de reforçar ou rever algum conteúdo.

O Professor com experiência consegue perceber se um aluno está a aprender a matéria pela sua expressão facial ou movimentos corporais.

Os professores improvisam, fazem ajustes e adequações de acordo com as características dos alunos e conforme as circunstâncias.

Ensinar requer quer atos de criatividade, inovação, espontaneidade, tolerância para as imprecisões dos alunos, para a confusão  e ao não saber.

Mais uma vez poderei apresentar um exemplo, de compreensão mais acessível, é como dançar. Os sistemas informáticos, são incapazes de concretizar.

 

O ensino é uma cooperação  mútua entre professores e alunos. Ninguém consegue ensinar quem não quer aprender. Mas os Professores conseguem estabelecer vínculos de compromisso que, muitas vezes, são essenciais para o sucesso dos alunos.

Assim considero que a IA é uma oportunidade, mas devemos  ter sempre em conta que o aluno na Escola não só aprende mas desenvolve todos os processos que levam ao conhecimento.

Em conclusão e transcrevendo novamente a frase, “Estar ciente de que os professores não podem ser substituídos por máquinas, e garantir que seus direitos e condições de trabalho estejam protegidos.”.

Elisa Manero

https://observador.pt/opiniao/a-inteligencia-artificial-e-a-educacao/