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Desmontando As Contas De Centeno – A Não Perder! – Paulo Guinote

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Ao longo do “esclarecimento” do Gabinete do ministro das Finanças fazem-se diversas afirmações, justificadas com números que parecem representar realidades indesmentíveis. Só que é preciso um esforço mínimo para se perceber que se baseiam em médias que misturam tudo para baralhar. Uma delas baseia-se no “facto” de em média as progressões dos professores implicarem um acréscimo salarial de 205 euros. E a partir daí faz-se a multiplicação por 100.000 professores. Vejamos os excertos do “esclarecimento” que tratam do assunto (páginas 2, 3 e 5)..

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(…)

Como é habitual nestas circunstâncias, apenas um valor estar certo, o resto é tudo uma enorme falsidade, construída com a aparência de rigor. O que está certo é o “aumento médio” de 205 euros, só que esse é um valor que não se aplica à maioria dos docentes. O cálculo foi feito sem a ponderação do número de indivíduos em cada escalão, dividindo apenas os valores da progressão nominal pelo número de escalões. O que está obviamente errado.

Mas são muito mais os “erros”, só com base nestes elementos. Como já acima escrevi, só cerca de 80% dos docentes estarão em condições de progredir dois escalões. Se o ganho bruto é de 410 euros, são simples as contas que destroem por completo qualquer valor muito acima dos 300 milhões de euros adicionais até 2023.

É possível desmontar o “truque” com maior detalhe apenas com recurso aos números do próprio ministério das Finanças. Aquilo que, estranhamente, nem partidos, nem sindicatos fazem.

Eis a tabela que sintetiza os dados do “esclarecimento” com um tratamento estatístico de “amador” ignorante e corporativo em poucos minutos.

Vejamos as coisas de forma abreviada:
55% dos docentes encontram-se posicionados até ao 4º escalão (que tem quotas para progressão) e nesse caso – em termos ilíquidos – a progressão média é de 154,59 euros. Dois escalões significariam um aumento médio bruto perto dos 310 euros e não dos 410 (quase 25% menos do que os dados obtidos com a “média”).
71% dos docentes estão posicionados até ao 6º escalão (outro com quotas de progressão) e nesse caso o aumento salarial médio é de 141,86 euros, o que significa perto de 284 euros para duas progressões. O desvio em relação ao cálculo do MF é superior a 30%.
O valor “médio” de 205 euros por progressão só é conseguido quando se contabilizam os 4 escalões superiores da carreira, a que só se acede ultrapassando dois patamares de quotas, sendo que, como já repeti, no 9º só é possível uma progressão e no 10º nenhuma. O máximo de docentes que poderão ter duas progressões nos termos apresentados pelo “esclarecimento” é de 81% e mesmo nesse caso, em média, a progressão seria de 344 euros ilíquidos e não de 410.
Claro que as contas a sério teriam de ser feitas de outra forma, multiplicando o valor real das progressões em cada situação pelo número de docentes em cada escalão específico. Todas “contas” e totais apresentados por Cento de Harvard y Eurogrupo na Comissão de Educação do Parlamento estão contaminados por estes erros básicos (mas voluntários) de cálculo que visam apenas enganar quem olha para eles sem a devida crítica. Os valores reais, mesmo em bruto, são muito inferiores aos apresentados e, se for considerada a “receita” directa, a diferença torna-se “colossal”.
Mário Ronaldo Centeno de Harvard y Eurogrupo ou mentiu deliberadamente no Parlamento e perante a opinião pública ou então é mesmo muito incompetente em termos técnicos.
Fonte: O Meu Quintal

1 COMENTÁRIO

  1. Gostei, mas também somos pagos em função do numero de filhos, quem tem, recebe mais, quem não tem recebe menos. Por isso, sem estes dados, as contas ficam abaixo da sua previsão.

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