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Aprendizagens | Nem todos os jovens vão recuperar

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Desde o ano passado que o Centro de Economia da Educação da Universidade Nova de Lisboa (UNL) tenta medir a perceção dos professores dos ensinos básico e secundário sobre o impacto que a pandemia teve nas aprendizagens dos alunos, em virtude do fecho das escolas, do isolamento de turmas e do recurso ao ensino à distância. E o que o último inquérito mostra é que há uma “preocupação generalizada, sobretudo nas escolas públicas”, em relação aos atrasos que as adaptações que professores e alunos foram obrigados a fazer provocaram.

Ao quarto inquérito conduzido por esta unidade de investigação da UNL responderam quase 700 professores, entre o final do último ano letivo e o início do atual. E a larga maio­ria— três em cada quatro — prevê que os seus alunos irão precisar de algum tempo para aprenderem e consolidarem agora o que deviam ter aprendido antes. Quanto tempo? As respostas revelam perspetivas de recuperação muito variáveis entre escolas e professores, sublinha Ana Balcão Reis, um dos membros responsável por este estudo.

Praticamente 35% dos professores do ensino público que responderam indicaram que os seus estudantes vão precisar de mais do que um ano letivo para recuperar. Foi esta a afirmação mais repetida. Entre os docentes do privado, o tempo mais referido remete para uma recuperação ao longo do 1º período apenas. A diferença é expectável, atendendo às diferenças de população escolar que frequentam os dois sistemas. Mas se se olhar para os resultados por ciclo de ensino lecionado, as diferenças são muito pequenas.

O estudo também quis saber se os professores acreditavam que, em mais ou menos tempo, todos os seus alunos iriam recuperar por completo. Os resultados indicam que seis em cada 10 docentes não acreditam numa recuperação total. Mais uma vez, as perspetivas são mais otimistas entre os docentes do privado, com 53% a dizerem que não, contra 61% nas públicas. Mas o que estes números também mostram, realça Ana Balcão Reis, é que o impacto da pandemia nas escolas e as dificuldades causadas se estendem a todos. As diferenças por níveis de ensino voltam a ser muito ténues.

Finalmente, os autores da investigação também quiseram saber que avaliação fazem os professores do plano de recuperação das aprendizagens anunciado pelo Ministério da Educação e do contributo que este pode vir a ter. O resultado ficou-se por um suficiente: numa escala de 1 (não vai contribuir nada) a 7 (vai contribuir muito), a média das respostas situou-se em 4,2.

Expresso