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Vacinação dos professores mantém-se nos mesmos moldes?

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Vacinação dos professores mantém-se nos mesmos moldes?

Em Portugal, as autoridades de saúde portuguesas não esclareceram, pelo menos até esta quarta-feira à noite,  se a vacinação dos cerca de 200 mil docentes e não docentes das creches, dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário marcada para este fim-de-semana se vai manter nos mesmos moldes. Em Portugal continental, já foram administradas 413 mil doses da vacina da AstraZeneca, que é o segundo maior fornecedor do país, adiantou ao PÚBLICO a task force responsável pela campanha de vacinação. E não há, até à data, registo de nenhum caso de trombose com redução acentuada do número de plaquetas, segundo o Infarmed.

“É mais um episódio da AstraZeneca, espero que agora [a polémica] acabe”, reagiu Hélder Mota-Filipe, ex-presidente do Infarmed e professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Desdramatizando a situação, enfatiza que este é “o ciclo de vida normal” dos medicamentos. “Quando são expostos a milhões de pessoas, surgem efeitos adversos que não tinham sido identificados nos ensaios clínicos. Mas estes efeitos agora identificados são muito raros. Proponho um exercício: em milhões de infectados [com o novo coronavírus], quantos vão morrer de covid-19?”

Mota-Filipe dá um exemplo: “O risco de efeitos secundários do anti-hipertensor que tomo todos os dias é muito mais elevado do que o da vacina da AstraZeneca.” O problema tem muito que ver com “o dramatismo” com que têm sido comunicados os vários episódios que envolvem esta vacina, a qual tem estado “debaixo dos holofotes”. “O benefício compensa largamente o risco de ser infectado, desenvolver doença, morrer ou ficar com sequelas”, remata.

Mulheres com menos de 60 anos

A EMA especificou, em comunicado, que a maior parte dos casos de trombose com redução acentuada do número de plaquetas na UE ocorreu em mulheres com menos de 60 anos e até duas semanas após a vacinação. Com base nos dados actualmente disponíveis, não foram encontrados factores de risco específicos, sublinhou. Uma explicação possível é que a vacina desencadeie uma reacção imunitária semelhante ao que acontece em alguns doentes tratados com o anticoagulante heparina. Mas, sem se conhecer o mecanismo por trás desta situação, não são feitas outras recomendações.

“Compete às autoridades de saúde nacionais tomar decisões sobre a forma como querem usar as suas vacinas”, sublinhou a responsável pelo comité de farmacovigilância da EMA, passando de forma clara a responsabilidade sobre o que fazer agora com a vacina da AstraZeneca para os Estados-membros da União Europeia.

A EMA fez uma avaliação aprofundada de 62 casos de tromboses venosas no seio cavernoso cerebral e 24 casos de trombose venosa esplâncnica (que envolve veias abdominais) registados até 22 de Março na Base de Dados Europeia de Segurança dos Medicamentos (EudraVigilance). Destes, 18 resultaram em morte. Nem todos estes casos são da União Europeia: alguns são do Reino Unido e da Islândia, Liechtenstein e Noruega, que com a União Europeia formam o Espaço Económico Europeu, onde 25 milhões de pessoas receberam esta vacina.

Público