AOrganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apela aos países que tomem medidas para que o uso de telemóveis nas escolas seja banido. O objetivo é combater a desatenção nas salas de aula, melhorar a aprendizagem e proteger as crianças do cyberbullying
Num relatório da Unesco, citado pelo jornal The Guardian, a organização aponta que há provas de que o uso excessivo dos telemóveis está relacionado com pior desempenho escolar e de que elevados níveis de exposição a ecrãs têm efeitos na estabilidade emocional das crianças.
O relatório refere que há pouca evidência de que a tecnologia nas salas de aula acrescente valor à aprendizagem e afirma mesmo que a maior parte dos estudos que apontam nesse sentido são financiados por empresas privadas de educação a tentar vender produtos digitais, o que “gera preocupação”.
Defendendo que os países têm de apresentar objetivos e estratégias para garantir que a tecnologia nas escolas não causa danos à saúde dos jovens, a organização destaca ainda a dimensão dos direitos humanos, que também não pode ser posta em causa pelos meios digitais – referindo, por exemplo, situações de invasão de privacidade e ódio online.
A Unesco reconhece, ainda assim, a importância que a tecnologia teve na educação durante os confinamentos na pandemia de Covid-19, mas lembra a discrepância entre os países mais ricos e os países mais pobres, com milhões de alunos a terem ficado excluídos, por falta de acesso aos meios digitais.
A Unesco analisou 200 sistemas de educação em todo o mundo e estima que um em cada seis países está já a banir os telemóveis nas escolas – é o caso da França e dos Países Baixos.
Em Portugal, uma petição pública, lançada este ano, para proibir os telemóveis nas escolas, soma já mais de 18 mil assinaturas e deu origem a uma proposta legislativa, nesse sentido, apresentada no Parlamento pelo Bloco de Esquerda.