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Troca de professores: “Isto é colocar um penso numa doença muito grave”

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Admitindo a dificuldade de substituir docentes, o Ministério da Educação recorreu a uma solução de recurso: colocar professores de Alemão ou Espanhol a dar Português, ou docentes de qualquer área a lecionar Tecnologias de Informação e Comunicação, entre outras coisas. “Isto é colocar um penso numa doença muito grave”, alerta Filinto Lima, da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Contudo, diz Filinto Lima, “se a solução é só esta é uma asneira”. A escassez de professores no sistema educativo não é de agora. “É um problema que se arrasta há muito tempo.” O professor considera que a profissão não está a ser bem tratada, e que isso se vê pelo número cada vez mais reduzido de jovens que optam por esta profissão.

Teme também que se recue no tempo, para os anos 80 e 90, quando havia professores com habilitações mínimas nas escolas. Uma realidade que já existe noutros países europeus, como a França e a Inglaterra.

A ideia é que estes professores – que serão colocados, temporariamente, numa função diferente daquela em que se licenciaram – tenham alguma formação na área que vão dar. “Mas isso não é suficiente porque não é a habilitação adequada”, diz Filinto Lima. O professor e diretor de um agrupamento de escolas pensa que é preciso haver uma “solução estrutural” para resolver este problema.

O que propõe é que se dignifique e valorize a carreira docente. Como? “Dando melhores vencimentos aos professores, sobretudo àqueles em início de carreira, que ganham muito mal”, condições de trabalho (“o horário é de 35 horas mas, segundo um estudo da Fenprof, os professores trabalham em média 46h por semana”) e redução do horário a partir dos 40. “A profissão é de desgaste rápido e, por exemplo, a partir dos 60 anos, os professores deveriam poder optar por ter horário lectivo ou não [ter ou não turmas]”, sugere.

Fonte: Sábado