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TEXTO LONGO SOBRE ALGO QUE REALMENTE NÃO INTERESSA NADA, NO MEIO DO QUADRO GERAL DO PROBLEMA: IR NO FIM DA MANIFESTAÇÃO.

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(PROTESTAR POR ISSO, COMO TEMA CENTRAL, SERVE A ESTRATÉGIA DE NEGOCIAÇÃO “FOFA” DA FENPROF E SATÉLITES E É PRECISO REPENSAR ESSAS COISAS)
O facto de ter comentado que os episódios, do final de manifestação de sábado em que a tenda do “Estado maior” estava já levantada com as “tropas”, pelo menos as do Porto e os “aliens”, ainda a entrar na praça, deu origem a múltiplos comentários.
O que disse foi simples: eram um sinal de que “os soldados que aí fomos mereciam melhores generais”.
Na maioria, os comentários foram negativos. Muita gente não reparou que não falei de um general concreto e foram por certo caminho. Falei de generais.
Outras pessoas fizeram o comentário tipo que esperava: “Olha este! Está a candidatar-se a general sindicalista!”
É uma coisa muito comum neste país: criticar dirigentes ou o poder e suas ações é querer-lhes o lugar. E assim se esvazia a critica pela via do oportunismo e carreirismo.
(E, note-se, ninguém chega a dirigente sem ter querido ser e, por isso, porque são puros os que estão e perversos os que possam querer estar ou contestem quem está?)
Registo, com simpatia, que, no meio dessa discussão negativa, achem que era possível ter capacidade para dirigente sindicalista (nem sei bem se isso é elogio da capacidade para a tarefa ou coisa com que me deva preocupar, dada a forma como anda o sindicalismo).
CRITICAR DIRIGENTES NÃO É QUERER-LHES O LUGAR
Para esses, fica desde já claro: não quero ser dirigente sindical. Não me candidatarei a eleições no meu sindicato, nem sequer a delegado sindical (função que tive e deixei).
Esse caminho já foi refletido como coisa errada, em especial, dada a minha condição de dirigente de escola.
Sou subdiretor na escola, onde estou colocado no quadro de agrupamento, e não faço, pessoalmente tenção de deixar de o ser antes do fim do mandato (e se for exonerado antes, não troco as aulas pelo remanso da vida sindical).
Acresce que sou militante ativo de um partido (BLOCO) e, embora isso me pareça que não significa que não possa participar na vida sindical ou associativa, há cautelas necessárias nesse campo.
Um militante partidário alinhado não está, por isso, capado. Mas, recomenda-se a separação mais nítida entre militância partidária e atividade dirigente sindical e transparência (que pratico, aliás, há largos anos, porque já fazia essa ressalva quando era dirigente associativo estudantil, há 30 anos).
E sou transparente sobre isso. Quem tem a paciência de ler o que vou escrevendo sabe que não faço segredo da minha militância partidária e da minha adesão sindical.
E registo com agrado que há independentes e militantes e simpatizantes de outras forças que entendem e mostram apreço pelo meu não sectarismo de base profissional e deontológica.
COMO SINDICALIZADO NÃO GOSTO DE SER PASTOREADO “PORQUE É ASSIM”….
Sou sindicalizado e, por isso, e por pagar quota todos os meses, acho que não me pode ser vedado o direito de expressar publicamente o que penso sobre o episódio do final da manifestação e qualquer outro em que o meu sindicato esteja envolvido.
Acredito radicalmente num sindicalismo centrado na representação da vontade democraticamente apurada dos sindicalizados (e chamo a atenção para esta palavra, sindicalizados).
E repugna-me o sindicalismo, que temos tido, e que recuso, há décadas, em que os dirigentes distinguem mal a sua origem partidária da sua ação sindical. Foi por isso que saí do SPN da Fenprof.
Com isto em vista, como sindicalizado, estou atento.
A ILC COMO LIÇÃO DE NÃO SECTARISMO
A ILC foi a propósito disso uma experiência marcante: o PCP não queria, a FENPROF foi contra.
Podemos estar muito zangados com a atitude da FENPROF, mas é isso que vale a pena discutir agora?
Quando foi da ILC o grupo tentou convencer o PCP (mesmo sabendo que era inútil).
Mas, mesmo condenado ao fracasso no diálogo, porque o quadro é o que é, e mesmo sendo maltratado na resposta à tentativa, eu tento sempre.
Defeito de gajo de História: no longo prazo, sempre poderei dizer que tentei (quando a tentativa for vista a outra luz, porque num mundo de imediatismo, se perdeu essa visão densa do tempo).
EM VEZ DE LAMÚRIAS DE QUE NOS TRATAM MAL, VAMOS DEBATER O QUE SE PASSA?
Pedi uma Assembleia Geral no meu sindicato para que os sócios pagantes, como eu, se pronunciem sobre a forma como o nosso movimento retumbante de protesto parece falhar nos resultados estratégicos, também por dispersão em questões laterais desfocadas.
O pedido foi-me recusado se não recolher assinaturas (o que está correto do ponto de vista estatutário).
No meu ponto de vista, o sucesso não se mede no tamanho das manifestações, desculpem-me os que andam fascinados com isso.
O sucesso vê-se no efeito e na capacidade de retirar efeito.
Por muito emocional que seja o tema, ir no fim da manifestação é uma questão muito lateral para o tempo que já se gastou nela.
E isso serve os interesses da estratégia de quem quer a negociação fofa e sem reflexos da intensidade da luta já feita. Os mesmos que íam começar só agora no seu calendário.
Não sou carismático, sou pouco simpático. Sou conhecido pelo meu mau feitio e bastante maltratado pela opinião alheia e muito sujeito ataques negativos, por via do meu racionalismo pouco dado a empatias etéreas. As decisões que tomo na escola são sempre vistas à luz de clubismo (sem pensar que tenho de cumprir até as leis com que não concordo e nisso não cedo).
Só hoje, já me chamaram nomes tão fofos como doente e louco.
Não digo que não me afete, mas lambo as feridas e sigo. Sempre à espera que um dia melhore.
Por isso, estou preparado para o que aí vem a propósito desse pedido de discussão interna no STOP.
Mas ela tem de ser feita ou então não colhemos os frutos do que semeamos nos últimos 3 meses e em passos anteriores.
Queremos discutir nas nossas intervenções públicas, a greve geral, o palco-altar, o lugar na manifestação, o micro à saída das negociações ou focar no que realmente interessa: quando devolvem o tempo? Como vai ser essa coisa dos QZP ao detalhe?Quantos mais vão vincular? Ou, vão mudar a gestão escolar ou antecipar reformas? Etc….
Por isso, os sócios do STOP que queiram falar comigo sabem como me contactar. Em próximo post poderei mostrar a ordem de trabalhos que proponho.
Vão ser precisas assinaturas. Estou à espera de saber quantas.