A reunião teve início com a presença do todas as subespécies de pressôres e pressôras, a pressôra do 54, os representantes dos “quero que o meu menino passe à força”, a delegada da turma das iluminações e o outro que faz de conta que lá está, mas não está.
Relativamente ao primeiro ponto da ordem de trabalhos, o desgraçado do Diretor de diz que é uma espécie de turma informou os presentes dos cinco mil projetos em que as almas iluminadas irão participar, dando especial atenção ao projeto “Ubuntu”, tendo a escola já adquirido umas peles falsificadas de leopardo, pinturas tribais e contratado um xamã, com vista ao início do mesmo já na próxima semana. Um dos representantes dos mal iluminados sugeriu que as sessões Ubuntu decorressem no seu quintal, visto que o matagal que por lá abunda é o que há de mais parecido com uma selva africana. A pressôra de Biologia ofereceu-se, inclusivamente, para ir buscar uns animais exóticos empalhados ao Museu de História Natural para tornar o ambiente mais sugestivo.
Abordou-se ainda o Projeto de Educação Sexual (PES), no qual todos os pressôres irão participar, na tentativa de evitar a corrida diária de casais para trás do pavilhão. O pressôre de Educação Física sugeriu que se montasse uma rede elétrica para evitar aglomerados e jatos de água gelada para arrefecer os mais acalorados.
No que concerne ao segundo ponto da ordem de trabalhos, procedeu-se à avaliação das iluminações da turma, havendo a destacar o seguinte:
– A aluna número um, Ambrósia Ramalheira, às vezes faz, outras vezes não faz. Passa a vida virada para trás a namorar com o Aniceto Cuecas. É um nadinha paspalhona, mas já consegue escrever o nome todo sem dar um único erro. Deve esforçar-se mais.
– O aluno número dois, Aniceto Cuecas, revela capacidades para partir à bofetada a tudo quanto mexe. Dorme nas aulas, mas isso não seria incómodo, não fossem os roncos intermitentes e a baba que escorre pela mesa. Deve lavar a ramela antes de vir para as aulas.
– O aluno número três, Deusadem Escarambola, até revela algum interesse, mas é um bocadito “panhonha”. De valorizar o facto de conseguir escrever mais de duas linhas com uma letra decente.
– A aluna número quatro, Gervásia Destrambelhada, é simpática, passa as coisas do quadro e às vezes participa dizendo “Ó pressôre, eu hoje estou bonita?”.
– O aluno número cinco, Infante da República Portuguesa, é tão chato que só dá vontade de lhe espetar com um par de tabefes. Sempre que um pressôre faz um rabisco no quadro pergunta se é para passar e o Conselho de Turma está tão fartinho disto que irão ser adotadas medidas universais de super cola três… Na boca.
– Os alunos Matumbina de Jesus, Pirolito Enrolado e Zacarias Zoroastro não têm colocado os “penantes” nas aulas, o que é considerado uma benção para a Humanidade.
De um modo geral, a turma foi considerada, quanto ao comportamento, um terramoto semelhante ao de 1755 e, quanto ao aproveitamento, o vulcão de La Palma, porque sempre que abrem as crateras só sai lava.
E apesar de haver muita coisa para tratar, demos por terminada esta grandessíssima carga de trabalhos, da qual será lavrado um texto faz de conta, que será assinado pelo Diretor de diz que é uma espécie de turma e pelo, às vezes, fantasma que o elaborou (faz conta).