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“Repor a verdade? Que verdade?” – Paulo Guinote

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Repor a verdade? Que verdade? A batalha por qualquer verdade foi perdida há muito e a culpa só é indirectamente das teses do pós-modernismo de há 50 anos. A batalha pela verdade, na política nacional apenas seguiu uma tendência internacional para os governos se preocuparem mais com a “comunicação” do que com a governação. A batalha pela verdade foi perdida quando as “centrais de comunicação” para intoxicação da opinião pública e alimentação da opinião publicada se tornaram um eixo estratégico da acção política. Sem houve esse tipo de fenómeno? Claro que sim… todo o século XX avança em crescendo nesse sentido, mas outrora a propaganda era mais fácil de identificar, porque os lados eram conhecidos e quase sempre reconhecíveis. As “quintas colunas” existiam, mas não à escala a que assistimos agora. A batalha pela verdade, qualquer verdade, foi perdida, quando muitos que a poderiam defender, em nome de uma sofisticação intelectual e de um relativismo cultural e político, desertaram para o lado dos defensores do anything goes desde que goes our way. Ou que crie a dúvida sistemática sobre tudo. Clinton e Blair aceleraram o processo? Sim e por cá a coisa descolou, não com Portas e Barroso, apesar da vontade, mas com Sócrates e os seus avençados na comunicação social, blogosfera e nascentes redes sociais. Os factos passaram a ser relativos e depois alternativos. O trumpismo venceu a partir do momento em que contaminou tanto os opositores que os tornou uma variante daquilo que combatiam.

Repor a verdade? Que verdade? Aquela com que gozam quando eu falo nela. A verdade do deputado porfírio que assina uma resolução a defender a recuperação integral do tempo de serviço e depois vota contra a proposta de lei que defendia essa recuperação?

Leia-se o comunicado do Conselho de Ministros de 17 de Novembro:

Foi aprovada a resolução que determina início do processo de transferência e partilha de atribuições dos serviços periféricos da administração direta e indireta do Estado, para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), nas áreas da economia, cultura, educação, formação profissional, saúde, conservação da natureza e das florestas, infraestruturas, ordenamento do território, e agricultura. Este processo de transferência e partilha de atribuições não prejudica a descentralização de competências para as comunidades intermunicipais e áreas metropolitanas.

Der que “verdade” fala o ministro Costa e os seus minions no facebook e demais redes sociais? CE uma verdade que nega o que o próprio ministério apresentou aos sindicatos nas reuniões de 7 e 8 de novembro de 2022?

Não é esta a Verdade apresentada pelo ME há pouco mais de três semanas? Que “desinformação” veio denunciar o ministro Costa e os seus minions? Quem “manipulou” o quê? Por aqui, correndo sempre o risco do anacronismo, da acusação de ser “velho”, de estar agarrado a conceitos do passado, procuro comentar a partir das informações concretas que me chegam, não de boatos. Isso deixo para outros.

Repor a verdade?

Se o ministro Costa quer demonstrar que o ministro Costa é mentiroso, não sou eu que o vou impedir. Apenas esclarecer que é isso que se passa.

O Meu Quintal