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Regresso às aulas: dicas para professores de alunos com dificuldades de aprendizagem

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Há quem diga que estas crianças foram as mais prejudicadas com este formato de ensino, e que o paradigma da educação inclusiva que estava a ser construído e implementado ficou comprometido durante a segunda metade do ano letivo anterior. No mesmo sentido, defendem também que deve ser dado um maior apoio a estes alunos, nomeadamente através do reforço de meios disponíveis, de forma a recuperar do atraso provocado pela COVID-19.

É natural que, em algum momento, durante a pandemia, todas as crianças tenham sentido os efeitos da mudança no método de ensino. Em alunos com dificuldades de aprendizagem esses efeitos podem ter sido mais significativos, na medida em que poderão estar mais suscetíveis a desenvolver maior resistência a novas rotinas, as quais podem simultaneamente despoletar maior ansiedade, fragilidades no âmbito da autoconfiança, da autoestima, o que tende, por sua vez, a prejudicar e a comprometer de forma mais acentuada o processo de aprendizagem.

Apesar das recentes orientações do Governo, existem várias questões para as quais parece ainda não haver resposta. Como permitir, por exemplo, que as aulas decorram em segurança para todos os alunos, quando as condições que muitas instituições de ensino oferecem são precárias? Como conciliar os novos conteúdos curriculares com as matérias que ficaram para trás no último ano letivo? Como será a disciplina de educação física, tendo em conta que, por exemplo, para se aprender basquetebol é indispensável o contacto físico entre os alunos?

Antes que mergulhemos, todavia, neste mar de incertezas, há algumas dicas que podem ser dadas aos professores, no sentido de facilitar a organização neste regresso às aulas, o qual decorrerá, infelizmente, ainda em contexto de pandemia:

  1. Organizar toda a papelada – os professores lidam com muita documentação ao longo do ano. Tente organizar duas pastas separadas para cada criança: uma para acompanhar o trabalho dos alunos e os dados de avaliação e a outra para arrumar toda a documentação relacionada com as dificuldades de aprendizagem de cada aluno;
  1. Aproveitar as novas tecnologias – Guarde as informações essenciais num local de fácil acesso, de forma a aceder rapidamente e em qualquer lugar, a todas as anotações relacionadas com os alunos, listagem de emails, datas de reuniões, entre outras.
  1. Analisar as áreas de intervenção de cada criança – Os alunos com dificuldades de aprendizagem dependem de estratégias psico-educativas adequadas ao seu perfil, de forma a atingir o máximo potencial funcional e emocional. Documentos como o Plano Educativo Individual (PEI), Relatório Técnico Pedagógico (RTP) ou outros da mesma índole, representam a pedra angular na evolução de cada criança. Registe frequentemente os níveis de desempenho do aluno, as suas principais conquistas e necessidades.
  1. Definir uma programação diária de trabalho – Defina as tarefas a executar, os objetivos a atingir em cada dia para cada aluno com necessidades educativas especiais, definindo também o acompanhamento diário que vai ser dado a cada um dos alunos. Certifique-se que todos os objetivos diários são atingidos, nunca esquecendo que os documentos formais onde constam as medidas que estão a ser aplicadas a cada aluno, assim como os objetivos estabelecidos para cada um, poderão sofrer várias atualizações durante o ano letivo.
  1. Procurar manter contactos de proximidade com as famílias – Procure apresentar-se a cada família. Um simples telefonema, por exemplo, poderá diminuir a ansiedade e o nervosismo da criança no dia do regresso às aulas. Nunca se esqueça que essa relação durará, pelo menos, um ano letivo e deverá ser o mais funcional e afetiva possível.
  1. Manter contacto regular com outros profissionais – É importante, também, que converse com os outros especialistas da equipa multidisciplinar que seguem o aluno. Esse feedback é essencial para melhor identificar as necessidades da criança e os objetivos a atingir. O trabalho em parceria entre todos os técnicos intervenientes no processo poderá claramente apresentar mais valias e benefícios no processo de ensino-aprendizagem.
  1. Identificar os outros professores com os quais a criança vai lidar durante o ano letivo – Depois de saber quem são os vários elementos do corpo docente, partilhe informações relevantes que constem dos documentos formais relativos ao processo de aprendizagem dos alunos com dificuldades,  horários específicos e todas as informações que possam contribuir para uma boa adaptação ao arranque do ano escolar e ao sucesso da intervenção pedagógica do aluno. Todos os professores precisam estar cientes das necessidades do aluno antes do início das aulas. Atualize as informações sempre que se registar alguma alteração substancial.
  1. Preparar as avaliações – As avaliações são essenciais para que se percebam as reais dificuldades dos alunos, permitindo assim ajustar documentos como o RTP, o PEI ou mesmo outros, em função das necessidades da criança. É fundamental que as classificações e anotações que as complementem sejam colocadas, desde a primeira hora, numa pasta independente, de forma a que todo o processo curricular esteja devidamente organizado e possa ser acompanhado com a proximidade desejada.
  1. Ser positivo, flexível e organizado – Os professores em geral, mas particularmente o professor de educação especial, podem ter um papel muito importantena vida do aluno. A importância da missão a desempenhar aconselha organização, otimismo e flexibilidade na relação com estas crianças.

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