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Regresso à telescola: os alunos e os professores da TV

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Arrancou em Portugal a 6 de janeiro de 1965 e durou até aos finais da década de 80 do século passado. Regressa, agora, a 20 de abril. Mais de trinta anos depois a Telescola está de volta à televisão pública. Novos tempos, soluções antigas que ainda são válidas na nova era tecnológica.

Pais que foram alunos da “telescola” mostram agora como se faz aos filhos. “Todos os dias, às 14h00, tinha de estar no edifício onde era a escola primária. De manhã eram as aulas para os mais novos, à tarde iam os mais velhos. A professora metia uma cassete (VHS) no vídeo e nós ouvíamos a senhora que estava na televisão atentamente”, recorda João Marques. Agora, a filha Beatriz vai receber os conteúdos disciplinares da mesma forma. “Nunca imaginei que fosse possível… o que um vírus obrigou o mundo a ser”, diz, em forma de desabafo, João Marques.

Com programação produzida nos estúdios da Radiotelevisão Portuguesa do Monte da Virgem, no Porto, os alunos eram acompanhados nos postos de receção pelos professores. José Ernesto foi um deles. “Nós tínhamos os livros de português, de matemática, de educação visual ou outros. Depois durante um período de tempo, na TV, aparecia o professor que dava a aula sobre determinada matéria. Nós, e os alunos, estávamos atentos e depois do professor da televisão dar a aula, nós, na própria sala com os alunos, explorávamos essa matéria com os exercícios”, relembra José Ernesto que, nos ano letivo de 1977/77 estava na Escola de Lage de Silgueiros, em Viseu.

A telescola surgiu para permitir o cumprimento aos alunos da escolaridade obrigatória, na altura constituída pelos quatro anos da Escola Primária e os dois Ciclo Preparatório. A nível geográfico, a intenção era a de servir as zonas rurais isoladas e zonas suburbanas com escolas superlotadas. Foi esta a génese da criação nos anos 60.

Mas, passado mais de meio século, esta forma de ensino à distância voltou com a intenção de servir as famílias e os alunos que “ainda estão isolados”.

“Houve um levantamento feito nas escolas e, de facto, percebemos que há muitas crianças que não têm conetividade e, por isso, foi necessário encontrar outras soluções. O governo optou pela chamada telescola em canal aberto para colmatar esta impossibilidade”, salienta Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, que diz que este é um “grande desafio”.

“Aqui o problema é a falta de alguém que esteja ao pé do aluno para explorar a matéria”, acrescenta, por seu lado, José Ernesto.

A nova telescola vai chamar-se #EstudoEmCasa e as emissões vão ser feitas no estúdio do programa “Preço Certo”. É naquele espaço que vão ser filmadas as aulas que os alunos dos nove anos do ensino básico poderão seguir na RTP Memória.

A RTP está encarregue de todo a produção e emissão e o ministério da Educação ficará responsável pelos conteúdos e por escolher os professores que lecionarão.

Esta nova versão de “telescola” serve para complementar o trabalho dos professores, não substituindo, portanto, a escola, tal como afirmou o primeiro-ministro, quando anunciou a decisão do Governo sobre o terceiro período do presente ano letivo.

Fonte: Jornaldocentro