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Reabertura das creches é “absolutamente necessária” – Henrique Raposo

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Uma opinião contrária à da maioria mas que apresenta vários argumentos válidos. Não há nada como ler “os dois lados” para se poder opinar com maior assertividade.


Henrique Raposo considera “absolutamente necessário” que as creches abram, apesar das críticas que têm sido tecidas à forma como o Governo está a gerir o processo.

“Temos de ter noção da profunda assimetria social e económica que a quarentena impôs às pessoas. As petições que apareceram na internet que querem impedir a abertura das creches são provavelmente de pessoas com um nível de vida privilegiado.Podem estar em casa, até podem abdicar de trabalhar para ficar com os filhos. Mas a esmagadora maioria dos portugueses não pode fazer isso e precisa de colocar os seus filhos na creche para ir trabalhar”, assinala o comentador, no programa As Três da Manhã, da Renascença.

Jacinto Lucas Pires aponta, no entanto, que os termos de reabertura das creches, nomeadamente o “conflito entre as regras sanitárias e pedagógicas”, também acentuam as desigualdades sociais. O comentador salienta que, se o atual quadro lesa o desenvolvimento das crianças como os educadores de infância alegam, as creches “obviamente não podem abrir nesses termos”:

“As pessoas com melhores condições económicas não vão pôr os filhos nas creches nestes termos e isso vai aumentar, para o futuro, a desigualdade, que é tudo o que não se quer. Temos de aproveitar este abalo da pandemia para também transformar a sociedade para o melhor pós-pandemia.”

Os dois comentadores também abordaram o caso da menina de nove anos de Peniche, que foi encontrada morta no domingo. O pai e a madrasta estão “fortemente indiciados por homicídio”. Poderá o confinamento obrigatório ter influência? Embora seja “crítico muito forte desta quarentena draconiana”, Henrique Raposo diz que não.

“Estes casos ocorrem durante a normalidade, são sistemáticos. Acontecem mais do que, às vezes, os media dão a entender”, destaca.

Ainda assim, sublinha que “as comissões que alertam para o abuso sobre mulheres e sobre crianças têm sido muito sonoras desde o início, não têm é sido destacadas pela narrativa”.

Uma posição sustentada por Jacinto Lucas Pires, que salienta que “os casos de instabilidade psicológica estão a aumentar”.

“A incerteza de quanto tempo é que isto vai demorar, o horizonte que parece ter desaparecido e também fatores da crise económica que já está aí e ainda vai ser pior, são condições de pressão muito forte sobre as famílias. As pessoas não são uma mera soma de circunstâncias, mas o quadro é muito duro e algumas pessoas precisarão de ajuda e é preciso que as instituições estejam especialmente atentas”, alerta.

Fonte: RR