Não, não estou a falar da questão salarial, estou a falar das agressões físicas e verbais que os professores sofrem todos os dias nas escolas – todos os dias. É só abrir os jornais: todos os dias, a autoridade e a integridade física dos professores é desafiada abertamente algures por alunos e pais, que levam para a escola as tensões familiares e sociais. O professor, tal como o polícia, é muitas vezes o bode expiatório do fracasso familiar e político que envolve esta ou aquela família, esta ou aquela comunidade.
Quem é que defende os professores? O ministro da Educação está preocupado? O primeiro-ministro já disse alguma coisa? Já se colocou este problema no centro da agenda nacional? Se a memória não me falha, só Rui Rio falou do assunto, e por breves minutos, num debate televisivo. Há um abismo incompreensível entre o problema (agressões constantes a professores) e a reação dos responsáveis políticos, que têm medo de falar do problema e da solução: devolver autoridade ao professor na sala de aula. O professor é para respeitar, tal como o médico, o juiz, o polícia. Repare-se que respeito não é subserviência, tal como autoridade não é autoritarismo.
Este problema tem de ser resolvido, não pode continuar a ser uma nota de rodapé, um encolher de ombros. A agressão aos professores faz parte de um padrão criado por décadas de permissividade e de medo ideológico em relação à própria palavra, autoridade. Só que, na ausência da autoridade, ficamos apenas com um caos que anseia por autoritarismo.
Fonte: Expresso