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Professores em Portugal ganham mais 40% do que a média dos licenciados (ao contrário do que acontece na maioria dos países da OCDE)

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Todos os anos a mesma notícia! Todos os anos ficamos a saber que os professores ganham mais qualquer percentagem que a média dos licenciados e em vez de irmos ao fundo das questões, preferimos lançar estas notícias que só caracteriza quem as escreve.

O que podemos concluir é que os licenciados em Portugal ganham muito mal, porque o que está a dar é ser da área da política, aí sim ganha-se bem e nem sequer é preciso ser-se licenciado.

Em segundo podemos olhar para estas estatísticas como que para um utopia, porque, como todos sabemos, as carreiras foram congeladas e têm demasiados entraves à progressão.

Fica a notícia


O retrato aos sistemas dos países que integram a OCDE é tirado todos os anos e no caso de Portugal a organização destaca desta vez a evolução ocorrida à entrada e à saída do sistema. No caso dos mais novos, o país merece referência por ter taxas de frequência de creches, logo a partir de um ano de idade, bem mais elevadas do que a média dos países da OCDE: 42% contra 34%. Aos dois anos, os números passam para 56% e 46%, respetivamente. E entre os 3 e os 5 anos, a frequência dispara para os 91% no pré-escolar.

O problema, nota a organização, é que os pais das crianças portuguesas têm maioritariamente de recorrer a instituições privadas, com o que isso implica de custos acrescidos para a grande maioria das famílias. Até aos três anos, 96% das crianças estão inscritas em serviços privados, quando na OCDE esse valor ronda os 50%. E, mesmo no pré-escolar, acontece com 47%, o que compara com um terço no espaço da organização.

Em Portugal, o ensino obrigatório só começa aos seis anos, mas a OCDE defende a importância de garantir financiamento público para o aumento e qualidade da oferta dos serviços de educação e cuidados das crianças. A despesa média anual dedicada à educação pré-escolar estava em 2017 ligeiramente abaixo da média dos países da OCDE.

ENSINO SUPERIOR: MAIS QUALIFICAÇÕES, MAS AINDA ABAIXO DA MÉDIA

Entre 2009 e 2019, a percentagem de adultos entre os 25 e os 34 anos que concluíram o ensino superior aumentou 14 pontos percentuais, acima da medida da OCDE. Mas a média de diplomados, mesmo entre os jovens adultos, continua a ser mais baixa: 37% contra 45% na OCDE.

Desagregado por sexos, as diferenças de percursos são evidentes: 45% das raparigas desta faixa etária tiraram uma licenciatura e apenas 29% dos rapazes optaram por prosseguir para o ensino superior. O panorama repete-se no restantes países.

Na edição de 2020 do “Education at a Glance” destaca-se ainda o facto de o prémio salarial associado a um diploma de ensino superior continuar a ser em Portugal superior ao da grande maioria dos países.

Ainda que a taxa de empregabilidade entre quem fez apenas o 12.º ano e quem tirou um curso superior seja idêntica (dados de 2019), os salários médios diferem bastante, com os diplomados a receberem mais 69% do que os que têm o secundário como habilitação máxima. Esta é a situação mais comum, mas a média da OCDE fica em valores mais baixos (54%).

Outro sinal do crescimento do sistema de ensino superior português está no aumento de estudantes internacionais. Em quatro anos, duplicou a percentagem de inscritos: de 4% para 8% em 2018, superando em dois pontos percentuais a média registada nos países da OCDE. Assim como cresceu o número de alunos nacionais que vão para o estrangeiro estudar. São agora 4%, com o Reino Unido a assumir o papel de destino mais popular.

PROFESSORES: SALÁRIOS A DESCER, MAS ENTRE OS MAIS ALTOS NO PAÍS

É uma das preocupações constantes assinaladas nas edições anuais do Education a a Glance: uma grande percentagem de professores na maioria dos países vai reformar-se na próxima década. E Portugal apresenta uma das situações mais preocupantes.

Seja no ensino básico, seja no secundário, o número de docentes a exercer em Portugal com menos de 30 anos, anda entre 1% e 2%, contra uma média na OCDE de 8% a 12%.

Quanto aos salários auferidos, os professores portugueses dos primeiros anos de ensino ficam a ganhar ligeiramente na comparação, mas recebem menos do que a média na OCDE nos níveis de escolaridade mais avançados.

Mas a situação que mais distingue Portugal dos restantes países prende-se na comparação dos salários entre os profissionais com habilitação superior. Se em quase todos os países, os rendimentos dos professores ficam, em média, abaixo do pagamento a outros profissionais licenciados, por cá, acontece a situação inversa, assinala a OCDE.

Entre os países da organização, os professores recebem, em média, 80% a 94% do rendimento médio dos trabalhadores licenciados. Em Portugal, os valores estão cerca de 40% acima do que é pago a um profissional com habilitação superior.

Ainda assim, os salários desceram após a crise financeira de 2018, lembra a OCDE, referindo uma queda de 6%.

INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO: CRESCIMENTO TÍMIDO

Em 2017, a despesa por estudante do 1.º ciclo do ensino básico ao ensino superior foi inferior à média da OCDE. Os valores afastam-se particularmente ao nível do ensino superior.

No entanto, se a comparação for feita usando o PIB per capita atribuído à Educação, ou seja, a percentagem de riqueza nacional canalizada para este sector, a comparação é favorável a Portugal (5,2% contra 4,9%).

Entre 2012 e 2017, assinala ainda o relatório, a despesa nas instituições de ensino caiu 1,1% ao ano, mas o número de alunos no sistema reduziu-se em 2% ao ano. Ou seja, o resultado líquido traduz-se num crescimento da despesa por estudantes de 0,9% ao longo deste período, contra 1,3% na OCDE.

Expresso