Confrontado com a afirmação de André Ventura de que o acusava de ter dito aos professores para emigrarem, António Costa negou!
Mas como se pode ler, é verdade que sugeriu aos professores que emigrassem.
Leia a investigação do Polígrafo Sic
António Costa sugeriu aos professores de português sem colocação que emigrem?
“António Costa sugere aos professores de português sem colocação que emigrem”, destaca uma publicação da página “Tuga Press”. É datada de setembro de 2016, mas, como acontece vulgarmente na internet, está neste momento a ser partilhada como se fosse mais recente. “‘É obviamente muito importante para a difusão da nossa língua, e é também uma oportunidade para muitos professores de português que por via das alterações demográficas, hoje não têm trabalho em Portugal e que podem encontrar aqui [em França]’, disse o primeiro-ministro depois do convite de Hollande a receber professores de português”, indica o texto da publicação, que levou vários leitores a pedir a sua verificação ao Polígrafo.
“Há quatro anos, Pedro Passos Coelho lançou um desafio, que foi convertido em polémica, aos desempregados com habilitações, sobretudo professores, que ‘podem olhar para os países de língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa’. Hoje foi a vez de António Costa dizer praticamente a mesma coisa, também aos professores que não conseguem colocação em Portugal, e mais uma vez as declarações foram convertidas em polémica”, acrescenta.
É verdade que o primeiro-ministro António Costa sugeriu aos professores de português sem colocação que emigrem? De facto, no dia 12 de junho de 2016, segundo relatou a agência Lusa, “o primeiro-ministro fez ‘um balanço francamente positivo’ das celebrações do Dia de Portugal em Paris e destacou o compromisso do presidente francês [na altura, François Hollande] sobre o ensino do português, considerando que é uma oportunidade para muitos professores”.
“Em declarações aos jornalistas, antes de regressar a Lisboa, António Costa referiu que em breve serão marcadas ‘as reuniões do grupo técnico que existe entre Portugal e França para o alargamento da presença do português’ como língua de aprendizagem nas escolas francesas. ‘Isto é obviamente muito importante para a difusão da nossa língua. É também uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, hoje não têm trabalho em Portugal e que podem encontrar aqui, mas é também um grande desafio para a nossa tecnologia e para a capacidade de fomentar o ensino à distância’, considerou”.
Ou seja, a citação da página “Tuga Press” é correta e verdadeira. Em junho de 2016, durante uma visita oficial a Paris, Costa referiu-se mesmo a “uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, hoje não têm trabalho em Portugal e que podem encontrar aqui”.
Aliás, dois dias depois de ter proferido essa declaração, perante a controvérsia gerada, por entre comparações relativamente a uma declaração similar de Passos Coelho em 2011, Costa publicou uma mensagem na rede social Twitter a refutar essa comparação, garantindo: “A estrada da Beira e a beira da estrada não são a mesma coisa, pois não? Pois… Eu também não apelei à emigração!”
Importa salientar que entre as declarações de Passos Coelho (2011) e Costa (2016), incidindo sobre os professores “sem colocação” ou “ocupação”, a única diferença substancial é que o primeiro sugeriu “o mercado de língua portuguesa” como “uma alternativa”, enquanto o segundo apontou para França como “uma oportunidade”.
Avaliação do Polígrafo:
VERDADEIRO