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Professores, Aceitaremos, Calados E Conformados, Tudo O Que Quiserem Para Nós?

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Primeiro vieram os elogios públicos à forma como nós professores conseguimos fazer com que o sistema não falisse e continuássemos em ensino, desta feita, à distância!

Todos nós, desconfiados, fomos recebendo-os como que já esperando a tormenta que aí virá!

Começam as sugestões que o ensino irá decorrer, a partir de setembro, em modo B-Learning, mas ainda ninguém veio dizer como irão materializar essa ideia!

Aceito que até aqui os professores tenham feito um sacrifício, comprando material tecnológico, formando-se exaustivamente online, para conseguirem adaptar-se às exigências extraordinárias e urgentes.

Não posso aceitar, que daqui para a frente se pretenda continuar com este formato, sem prover os professores de apoios, designadamente de material apropriado, pois isso não será mais que um enorme aproveitamento da situação.

Pensar em setembro sem que se prevejam as condições de trabalho dos professores parece-me um abuso, típico, que nos deixa de pulga atrás da orelha, pois o que lá vem, virá mais agri que doce, será trabalhar mais por menos, com a desculpa do covid-19, que afeta todos menos os bancos, que esses têm sempre antídoto para as crises, saque ao contribuinte!

Adiante…Nenhum professor pode esquecer, menos ainda os sindicatos, que a guerra da recuperação do tempo de serviço não deve ser vista como perdida! Ou aceitaremos?

Nenhum professor pode aceitar que sugiram trabalho complementar, pois não temos estado de férias, com fez a diretora da Unicef Portugal defendendo que “as escolas deviam acolher, durante o verão, as crianças que tiveram dificuldades de aprendizagem através no ensino à distância imposto pela pandemia para tentar diminuir as desigualdades.”

Como se a escola fosse o remédio para todos os males e esquecendo que ao longo dos anos a escola têm tido dificuldades em diminuir essa dificuldades, entre outras, por estas duas razões:

1.ª Desinvestimento durante décadas na área educativa, aumento de número de alunos por turma, currículos e Decretos utópicos;

2.ª As desigualdades não se combatem a jusante mas sim a montante.

Ainda assim os professores e toda a comunidade escolar tem feito algumas omeletes sem ovos, arrisco-me a dizer que nas escolas é onde as desigualdades menos se notam, pois na escola um aluno é sempre um aluno!

Já na sociedade a “música é outra”…e é aqui que devem ser combatidas!

Por último, nenhum professor pode aceitar que, depois do saque ao tempo de serviço, da palhaçada do aumento de 0,3% este ano, da cotização na carreira docente, que já devia ter sido bem negociada de forma a que acabasse, pois tal faz com que ocorram anualmente injustiças irreparáveis, pensem num novo congelamento para a carreira!

Não podemos aceitar, calados e conformados, tudo o que quiserem para nós!

Como todos sabemos no pico da crise sanitária, o Novo Banco recebeu 850 milhões de euros, sem ninguém pestanejar, mas quando for para pagar a crise serão os do costume a pagar!

Não concordo com o conformismo de termos de ser nós professores a pagar mais uma crise, recordo que no tempo da Troika os professores contribuiram com 8 Mil Milhões de Euros! Eu não esqueço!

Alberto Veronesi

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