Início Educação Professores a fazer rastreios? “escolas precisam dos professores” – Manuel Pereira

Professores a fazer rastreios? “escolas precisam dos professores” – Manuel Pereira

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As escolas precisam dos professores, defende Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares e diretor do Agrupamento de Escolas Serpa Pinto, em Cinfães.

O responsável reage assim à possibilidade de docentes sem aulas poderem ser chamados a ajudar as equipas de rastreio à Covid-19, conforme determinado recentemente pelo Governo, tal como prometido pelo primeiro-ministro.

“As escolas precisam de todos os recursos, e muito mais num tempo como este em que temos muitas vezes professores a ficarem em casa por ordem da autoridade de saúde e precisamos que eles sejam substituídos para que os alunos não fiquem sem aulas”, defende Manuel Pereira.

No entanto, o diretor escolar admite que pode haver escolas com excesso de professores, o que, nestes casos, compreende “que se possam libertar alguns”. “Mas, neste tempo, todos os recursos não são demais”, frisa.

Manuel Pereira acrescenta que, a seu ver, é preciso apoiar alunos “que, no último ano letivo, perderam muitas das competências que era suposto que tivessem adquirido”, sugerindo um “processo de mentoria e acompanhamento” dos estudantes.

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares defende que os professores que sejam requisitados para as equipas de rastreio Covid devem ter formação para que possam desempenhar as suas funções.

“Para que se possa fazer um trabalho sério e responsável, é preciso que as pessoas tenham os instrumentos necessários para que o possam fazer. Se um professor da área de educação tem de ir trabalhar noutra área temporariamente, faria todo o sentido que fosse apoiado na formação para que possa trabalhar nessa outra área com rigor e que possa rentabilizar o seu esforço”, argumenta.

O diretor do Agrupamento Serpa Pinto acrescenta não saber “se está previsto algum apoio aos professores que serão requisitados pelo Governo”, mas acredita que parte deste trabalho possa não ser assim “tão complexo ao ponto de os professores precisarem formação específica”.

“É uma questão de princípio. Eu acho que as pessoas não devem fazer aquilo para o qual não estão preparadas”, remata Manuel Pereira.

O Governo publicou na sexta-feira (4 de dezembro) um despacho que veio permitir a mobilização de professores sem horário para reforçar as equipas de rastreios de contactos de doentes com covid-19, tal como tinha sido anunciado pelo primeiro-ministro há cerca de um mês.

Os professores fazem parte do grupo de funcionários públicos que poderão ser chamados para seguir pessoas em vigilância ativa e realizar inquéritos epidemiológicos.

Segundo o diploma, cabe às escolas indicar quem são os professores que estão sem componente letiva, sendo depois as autoridades de saúde a selecionar e contactar os escolhidos.

O diploma publicado na sexta-feira define que os professores terão formação fornecida pelas Autoridades de Saúde Nacional e Regional.

Os docentes selecionados serão “sempre coordenados por um profissional da área da saúde pública”, segundo o despacho publicado na sexta-feira.

Os professores vão receber também “formulários, orientações e guias de inquéritos epidemiológicos, bem como os equipamentos necessários ao desenvolvimento das atividades, para rastreio de contactos de doentes com Covid-19 e seguimento de pessoas em vigilância ativa”.

Os docentes com formação na área da saúde serão os primeiros a ser escolhidos para realizar os inquéritos epidemiológicos e o rastreio de contactos de doentes. Os restantes docentes serão mais direcionados para o seguimento de pessoas em vigilância ativa, refere o diploma.

O documento salvaguarda que os professores selecionados irão manter todos os direitos e “não podem ser prejudicados no desenvolvimento da sua carreira”.

A decisão de recorrer a funcionários públicos para atenuar a pressão nos sistemas de saúde foi anunciada no início de novembro por António Costa.

O primeiro-ministro disse que seriam mobilizadas “pessoas do setor público que estão em isolamento profilático, trabalhadores do grupo de risco, professores sem componente letiva atribuída, além de militares das Forças Armadas”.

Jornal do Centro