No ano passado, dez alunos concluíram o mestrado em Ensino de Física e Química, que habilita a dar aulas desta disciplina. Mas ao longo dos próximos anos será preciso recrutar uma média anual de 125 novos docentes só para esta cadeira do 3º ciclo e secundário. No caso de Filosofia, para os mesmos níveis de ensino, formaram-se 15 mestres e para Matemática 44. Só que as estimativas indicam que serão necessários todos os anos, até 2030, uma média de 77 e 155 novos professores, respetivamente. Ou seja, apesar de até haver um aumento de diplomados nos cursos que habilitam para a docência nos anos mais recentes, os números continuam muito aquém das necessidades de recrutamento ao longo desta década, segundo as projeções feitas no estudo pedido pelo Ministério da Educação a investigadores da Nova SBE. E este défice repete-se para vários grupos disciplinares.
No total, e olhando para as estatísticas mais recentes disponibilizadas ao Expresso pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 2603 jovens concluíram um mestrado em Ensino em 2021-2022. Mas, segundo o “Estudo de diagnóstico de necessidades docentes de 2021 a 2030”, será necessário que entrem anualmente no sistema perto de 3500 novos professores.
Os dados do Ministério também mostram que tem havido uma subida de potenciais candidatos. Há quatro anos que o número de inscritos nos cursos para o ensino (licenciaturas e mestrados) está a aumentar, chegando quase a 10 mil em 2022/23. Contudo, estes alunos precisam de tempo para serem formados. E, perante a carência de docentes já sentida em várias regiões do país, é necessário acelerar na formação.
Em discussão estão agora alterações ao diploma que regula as habilitações para a docência e que passam por alargar a base de recrutamento a outras formações, acelerar a colocação dos finalistas dos mestrados nas escolas e atrair mais candidatos para a profissão. A recuperação dos estágios pedagógicos remunerados ao longo de todo o segundo ano do mestrado e a possibilidade de detentores de mestrados e doutoramentos em diferentes áreas científicas reorientarem a sua carreira para o ensino sem terem de frequentar um novo mestrado são duas das medidas através das quais a tutela pretende atrair jovens e outros profissionais para esta carreira. Outra das medidas prende-se com a abertura de mais vagas nos mestrados em Ensino, de forma a assegurar que um maior número de candidatos consegue lugar.
Expresso