Há mais de um ano que o Movimento Escolas Sem Amianto (MESA) e a associação ambientalista Zero têm vindo a questionar os serviços do Ministério da Educação para saber quantos edifícios de ensino ainda têm materiais contendo amianto.
Segundo a lei em vigor há quase uma década, a lista das escolas devia ser pública, assim como a calendarização das obras para retirar este material, que quando se degrada liberta fibras com propriedades cancerígenas.
Na resposta a que a Lusa teve acesso, a diretora-geral dos Estabelecimentos Escolares explicou que “os documentos solicitados (…) constam de processos ainda não concluídos pelo que (…) não estão ainda em condições de ser disponibilizados”.
À Lusa, a representante da Zero Iria Roriz Madeira admitiu ter ficado surpreendida com a resposta da DGestE.
Para a arquiteta e voluntária da Zero, esta resposta revela problemas mais graves: “O que mais nos assusta neste processo é que temos a noção de que há uma série de escolas que não foram ainda inventariadas ao nível dos materiais contendo amianto”.
O receio é baseado nas denúncias feitas pelo MESA como foi o caso dos diretores escolares que, há menos de dois meses, admitiram ter recebido telefonemas da DGEstE a questionar se nas suas escolas havia amianto.
Também o coordenador do MESA, André Julião, considerou a resposta da DGestE “extremamente preocupante”, mas, ao contrário da Zero, não ficou surpreendido com a resposta.
Para André Julião, este tipo de situações “é demonstrativo da falta de rigor com que anda a ser feito o diagnóstico”.
O coordenador lembrou que o movimento já encontrou “escolas que estavam dadas como estando livres de amianto, mas que nunca tinham sido intervencionados”.
A somar a estas situações, Iria Roriz Madeira recordou os casos de estabelecimentos que foram intervencionados, mas só removeram parte dos materiais com amianto.
“Remove-se o fibrocimento nos telheiros e fica ainda por remover nas coberturas de pavilhões. Nem sequer sabemos em que lista ficam estas escolas, se na de escolas já intervencionadas ou se nas por intervencionar”, alertou a arquiteta.
Hoje, a MESA e a ZERO vão organizar durante a tarde no auditório da Junta de Freguesia de Laranjeiro e Feijó, em Almada (Setúbal), uma conferência subordinada ao tema “Amianto na Escola Pública: causas, consequências, soluções”.
André Julião referiu que estes encontros são importantes para esclarecer a população, já que estão sempre presentes especialistas de várias áreas, desde médicos a engenheiros, arquitetos ou professores.
Fonte: SAPO24