As notas de 19 e 20 valores quase duplicaram em relação ao ano passado e as médias a disciplinas tradicionalmente difíceis, como Física e Química e Biologia e Geologia, chegaram a subir três valores.
A suspensão das aulas presenciais levou a que o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) avançasse com um conjunto de alterações na estrutura dos exames para que ninguém ficasse prejudicado. Que balanço faz desta 1ª fase?
Tendo em consideração que as alterações tinham como objetivo principal colmatar eventuais desigualdades no desenvolvimento do currículo que possam ter ocorrido nas várias escolas, nesta última fase do ano escolar, e tendo em conta o feedback positivo que temos recebido de escolas, professores e alunos, consideramos que o balanço geral destas medidas foi muito positivo. A introdução destas medidas permitiu que os alunos pudessem realizar os exames como sempre fizeram, com a maior tranquilidade, podendo responder à totalidade da prova, se o desejassem, e não tendo, em situação de tensão, de tomar decisões sobre os itens a responder, situação muito difícil de gerir durante a prova. Estamos convictos de que todos os intervenientes neste processo viram estas medidas como necessárias, justas, ajustadas ao contexto, pelo que, numa primeira avaliação, consideramos que o processo decorreu de forma muito satisfatória.
Como é que se explica que tenha havido uma subida tão significativa das médias a algumas disciplinas – de 3 ou mais valores – e quase o dobro de 19 e 20 valores em relação ao ano anterior?
O IAVE, ao propor estas medidas, tinha já efetuado estudos que indicavam claramente uma subida das médias das classificações para este ano. Esta situação era de prever por vários motivos, uns ligados às medidas técnicas introduzidas pelo IAVE nas provas e outras ligadas a decisões relativas ao peso dos exames para a classificação final do ensino secundário e também para o acesso ao ensino superior. Por um lado, o facto de os alunos terem um conjunto de itens em alternativa, dos quais poderiam escolher os que se sentissem mais preparados. Por outro lado, de todos os itens não obrigatórios que os alunos realizassem, eram escolhidos os de melhor pontuação para contribuir para a classificação final da prova.
Um outro fator que contribuiu bastante para esta situação foi o de os alunos apenas terem de realizar as provas que considerassem como provas de ingresso, não realizando as provas a que não se encontrassem tão à vontade ou tão bem preparados. O facto de terem de realizar um menor número de exames permitiu que se concentrassem mais naqueles que efetivamente tinham de realizar, podendo preparar-se melhor.Tendo em consideração todos estes fatores, não podemos afirmar com clareza os que contribuíram mais ou menos para as médias que se verificaram. Por estas razões, não é de todo correto fazer comparações com a média de classificações dos anos anteriores. Aliás, tecnicamente, o IAVE considera que estamos perante uma quebra de série estatística cronológica.
Esta subida generalizada de notas tem implicações no acesso ao ensino superior?
Na nossa opinião, estas medidas não terão grandes implicações no acesso ao ensino superior. É de salientar que todos os alunos estavam na posse de toda a informação em tempo útil para poderem tomar as suas decisões e realizar os exames que consideraram necessários.
A inclusão de perguntas opcionais e uma valorização das perguntas de escolha múltipla são opções que se equaciona manter para o próximo ano letivo?
Sim, equacionamos manter algumas das soluções técnicas adotadas no presente ano letivo, nomeadamente os itens em alternativa. Estamos neste momento a estudar os resultados da 1.ª fase para verificar que eventuais ajustamentos teremos de implementar nas provas. É de salientar que no ano transato as provas já se encontravam elaboradas, pelo que apenas se introduziram alterações na estrutura de cotação e critérios de classificação. Para o presente ano letivo, as provas já vão ser preparadas de raiz para acomodar as medidas que eventualmente venham a ser adotadas.
Expresso