As aulas presenciais para os alunos do 11º e 12º anos nalgumas disciplinas foram retomadas na passada segunda-feira e a grande maioria não hesitou em marcar presença. Só uma minoria de jovens optou por não ir, por receio do contágio e situações de risco na família. Para estes, as escolas deixam de ter de oferecer o ensino à distância nas disciplinas em que há aulas presenciais a decorrer. Como será feita a avaliação de todas estas situações — entre estudantes que vão, que deixaram de ir, que têm metade da carga horária ou integral — é a questão que se coloca agora à medida que o final do 3º período se aproxima.
“Os alunos, seja em que circunstância for, são avaliados pelos elementos recolhidos pelos professores. Todos têm as notas do 2º período atribuídas. E dificilmente um professor dará uma nota inferior, a menos que o aluno, de forma propositada ou dolosa, se ausente. Quanto muito poderá valorizar num ponto um aluno que se esforçou mais no 3º período. É esta a orientação que dou aos professores”, afirma José Lemos de Sousa, presidente do Conselho das Escolas.
O que preocupa o também diretor da Secundária Eça de Queirós, na Póvoa de Varzim, é a diferente preparação com que todos vão apresentar-se aos exames nacionais. “Ao dar autonomia às escolas para poder reduzir até metade a carga horária das disciplinas sujeitas a exame — para conseguirem ter grupos mais pequenos nas salas —, há alunos que vão apresentar-se nas provas com o dobro de horas letivas de alguns colegas. As situações variam de escola para escola consoante o número de turmas ou a sua dimensão”, critica.
Quanto ao risco de a inflação de notas ter este ano um peso ainda maior no acesso ao ensino superior, já que os exames contarão apenas como prova de ingresso e não para o cálculo da nota final de disciplina, José Lemos Sousa desvaloriza. Nos últimos cinco anos letivos, 18 escolas, a esmagadora maioria privadas e do norte do país, apresentaram sempre os maiores desfasamentos entre a classificação dada pelos seus professores e os resultados que os alunos vieram a ter nos exames. “Quem o faz terá tendência para manter essa prática”, resigna-se.
Em entrevista ao “Público” e à Renascença esta semana, o ministro garantiu que vai pedir à Inspeção-Geral da Educação para estar atenta a estas práticas e auditar critérios de avaliação.
Fonte: Expresso