É um passo atrás para centenas de psicólogos que trabalham nas escolas: por um lado ficam efetivos, por outro passam a ganhar menos 170 euros por mês. O Sindicato Nacional dos Psicólogos (SNP) e a associação que representa os diretores garantem que os profissionais que concorreram ao Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP) vão sair prejudicados ao fim do mês.
Entrevistado pela TSF, João Freire, presidente do SNP, explica que “quem estiver noutro índice [remuneratório] que não o de entrada, que são 1200 euros, vai passar a receber menos 170 euros, 13% do salário”.
De acordo com o Sindicato, a situação só agora começa a ser revelada depois de serem conhecidos no início do ano os primeiros despachos de homologação, relativos às candidaturas feitas ao PREVPAP em 2017.
João Freire considera que, na prática, os profissionais acabam por dar um passo atrás na carreira: “Há alguns trabalhadores que estão há 22 anos em regime de precariedade, das poucas conquistas que tiveram foi subir um índice remuneratório e agora, passados estes anos, se quiserem efetivar na Função Pública, que como deve imaginar é o desejo de muita gente, têm que sofrer esta traição”.
“Dão-nos um contrato, mas temos que comer aquilo que têm para nos dar que é um ordenado significativamente mais baixo”, refere.
Diretores falam em mal-estar nas escolas
Ouvido pela TSF, o presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, confirma a situação e diz que além dos psicólogos afeta outros profissionais das escolas como educadores sociais ou assistentes sociais.
Filinto Lima lamenta o mal-estar nas escolas: “A revolta sente-se no discurso diário com que somos abordados. Muitas vezes até parece que somos nós, diretores, os culpados do que lhes vai acontecer.”
Filinto Lima antevê ainda graves carências de psicólogos nas escolas devido ao PREVPAP porque, a meio do ano letivo, os profissionais de uma escola podem acabar nos quadros de outra escola.
“Deixo aqui um alerta ao Ministério da Educação para que, no caso dos psicólogos que efetivem noutras escolas onde neste momento não estão a exercer funções, deixe os diretores abrirem concurso para substituir essas transferências de escola”, apela Filinto Lima.
A TSF pediu esclarecimentos ao Ministério da Educação, mas até ao momento não obtivemos resposta.
Fonte: TSF