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Portugal vai suspender vacina da AstraZeneca em alguns grupos etários

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Em causa pode estar a vacinação de professores no próximo fim de semana.

Portugal está a avaliar e vai anunciar ainda esta quinta-feira a suspensão da administração da vacina da AstraZeneca em grupos etários mais jovens, à semelhança do que já foi determinado em mais de uma dezena de países.

Isso mesmo foi confirmado pelo director regional da Saúde do Governo dos Açores, Berto Cabral, na conferência semanal para a actualização das medidas de combate à covid-19 na região: “A informação de que dispomos é que Portugal deverá suspender a vacina da Astrazeneca em alguns grupos etários”. Acrescentou que aquela região autónoma seguirá as indicações que vierem das autoridades de saúde nacionais.

A ministra da Presidência anunciou que a Direcção-Geral da Saúde (DGS) e a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) farão ainda esta quinta-feira uma comunicação sobre a decisão.

Estas decisões surgem depois de a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) ter admitido que existe uma ligação entre este fármaco e casos raros de tromboembolismo associado a baixa acentuada de plaquetas. A EMA sublinhou, ainda assim, que os benefícios superam os riscos, mas passou a responsabilidade da decisão sobre o que fazer com a vacina da AstraZeneca para os governos. A União Europeia não conseguiu tomar uma decisão unânime na quarta-feira.

Em Portugal, a avaliação é feita pelas autoridades de saúde, nomeadamente a Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 da Direcção-Geral da Saúde, que inclui especialistas do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde).

A eventual decisão de suspensão da administração deste fármaco em pessoas mais jovens vai necessariamente pôr em causa, nos moldes em que está prevista, a maior operação de inoculação em massa com a vacina da AstraZeneca  em Portugal, a dos cerca de 200 mil docentes e não docentes das creches, dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário, que está marcada para este fim-de-semana.

Até esta quarta-feira, já tinham sido administradas em Portugal continental 413 mil doses da vacina da AstraZeneca, que é o nosso segundo maior fornecedor, depois da Pfizer.

Que países alteraram as regras?

Na Alemanha e nos Países Baixos o uso da vacina foi restringido aos maiores de 60 anos, por causa desses riscos.

PÚBLICO -

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Na Alemanha, a comissão de regulação das vacinas determinou que o risco de formação de coágulos para mulheres com menos de 60 anos imunizadas com a vacina da AstraZeneca é 20 vezes superior ao que seria esperado. “Verificámos quantos casos ocorrem normalmente e comparamos com os casos observados entre quatro a 16 dias depois da vacinação”, disse Christian Bogdan, membro da comissão de vacinação alemã, citado pela Reuters. “Para as mulheres entre 20 e 59 anos, a taxa é 20 vezes superior”, afirmou. Por isso, continua a vigorar a recomendação de que pessoas com menos de 60 anos que tivessem recebido uma primeira dose da vacina da AstraZeneca deveriam receber a segunda de outra marca.

Em Espanha, o Ministério da Saúde e as Autonomias concordaram em suspender temporariamente a imunização com esta vacina a quem tiver menos de 60 anos, mas continuará a ser administrada aos mais velhos, diz o El País. Em Itália, aconteceu o mesmo – a vacina da AstraZeneca só será administrada a quem tiver mais de 60 anos.

A comissão reguladora da vacinação no Reino Unido emitiu um parecer dizendo que as pessoas com menos de 30 anos devem ter acesso a outra vacina que não a da AstraZeneca — que é a base da campanha de imunização contra a covid-19 naquele país.

Bélgica vai deixar de vacinar pessoas com menos de 56 anos com a AstraZeneca — a decisão será revista pelos ministros da Saúde regionais e nacional daqui a quatro semanas, noticiou o Politico.

Em França, onde foram abertos pelo menos três processos por familiares de pessoas que morreram de trombose após tomarem a vacina da AstraZeneca, esta está restringida aos maiores de 55 anos. O mesmo tinha feito o Canadá, fora da Europa.

Na Finlândia e na Suécia a vacina da AstraZeneca é administrada apenas a pessoas com mais de 65 anos e na Noruega e na Dinamarca o seu uso continua suspenso.

México e o Brasil anunciaram que não têm planos para deixar de comprar vacinas à AstraZeneca. No Brasil, onde foram administradas quatro milhões de doses da Vaxzevria​, foram registados 47 episódios tromboembólicos, disse a Anvisa, a agência nacional correspondente à EMA.

Já as Filipinas suspenderam o uso da vacina para pessoas com menos de 60 anos, como em muitos países europeus – e o país está à espera de um lote de 2,6 milhões destas vacinas em Maio, diz a Reuters.

Austrália decidiu nesta quinta-feira passar a não administrar a vacina da AstraZeneca a quem tiver menos de 50 anos, embora a Comissão Consultiva Técnica de Vacinas recomende que quem tenha tomado a primeira dose tome a segunda do mesmo fabricante.