Há apenas nove países europeus onde o salário de um professor em início de carreira desceu em seis anos, depois de descontada a inflação, e Portugal é um deles. Segundo um relatório divulgado esta quinta-feira pela Eurydice, uma rede de informação educacional da Comissão Europeia, também na Bélgica, Grécia, Espanha, Itália, Chipre, Finlândia, Noruega e Turquia, os professores entraram na profissão a receber menos em 2021/22 do que em 2014/15.
Pelo contrário, mesmo tendo em conta a inflação, os salários iniciais dos professores aumentaram entre 3% e 30% numa dezena de países. Em França, Polónia e Eslovénia mantiveram-se estáveis.
“A remuneração é um elemento-chave para tornar o ensino numa profissão mais atrativa, juntamente com outros fatores como condições de trabalho, perspetivas de carreira, oportunidades de desenvolvimento profissional e reconhecimento e motivação intelectual e social”, lê-se no relatório “Teachers’ and school heads’ salaries and allowances in Europe 2021/2022”, publicado no Dia Mundial do Professor, que se comemora a 5 de outubro.
O salário inicial dos professores não é, porém, o único fator importante “para atrair” novos docentes. “Aumentos salariais significativos ao longo da carreira podem contribuir para a retenção de professores, enquanto pequenos aumentos que exigem um tempo de serviço significativo podem ter um efeito prejudicial na atração e retenção”, conclui o relatório.
Pela Europa fora, é muito variável o tempo que um professor do 3.º ciclo do ensino básico leva a atingir o salário de topo da carreira. Em Portugal são precisos, em média, 34 anos. Se na Dinamarca e Países Baixos os professores levam apenas 12 anos a chegar ao topo, na Hungria demoram 42 anos.
ACIMA DO PIB PER CAPITA
A análise europeia conclui que o salário médio dos professores está “fortemente correlacionada” com o PIB: quanto maior é, mais altos são os salários. Portugal é um dos 13 sistemas de ensino onde o que se paga aos docentes está acima do PIB per capita. Em países como Estónia, Irlanda, Grécia, Roménia, Suécia ou Noruega, os salários estão abaixo do produto interno bruto.
Ao contrário do que acontece na maioria dos casos, Portugal faz parte de um grupo de dez países europeus onde o salário de um professor em início de carreira é o mesmo nos vários níveis de ensino. O mesmo acontece em países como a Bulgária, Grécia, Chipre, Lituânia, Hungria, Polónia, Eslovénia e Montenegro.
Por exemplo, em países como a Alemanha, Finlândia, Suécia ou Suíça, os salários iniciais aumentam com o nível de ensino. Ou seja, são mais baixos entre os educadores de infância e mais altos nos professores do secundário.