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Porque é que as escolas não abriram já com os devidos cuidados? – Henrique Raposo

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Se a média de idades dos óbitos portugueses por covid-19 está acima dos 80 anos, se grande parte destas pessoas já tinha duas ou três condições graves, se cerca de um terço dos mortos ocorreu em lares de idosos, porque é que os jovens e adultos saudáveis estão fechados em casa a criar um cenário económico, político e mental que poderá ser ainda pior do que o vírus?

Neste momento, sair para a rua e deixar o #fiqueemcasa não é apenas uma questão de sobrevivência económica e de defesa da liberdade tal como a conhecemos, também é uma questão de saúde: era suposto achatarmos a curva, não era suposto acabarmos com a curva, isso é impossível. Se nós, os jovens e adultos saudáveis, não sairmos agora para a normalidade, nunca mais atingiremos uma imunidade de grupo capaz de proteger os mais frágeis.

Olhem por favor para os números. Não há mortos até aos 40 anos. Na casa dos 40 só há 9. Na casa dos 50 só há 21. Mesmo na casa dos 60, só há 71. Os números só começam a ser preocupantes nos 70 e sobretudo nos anos 80. A média dos óbitos por covid-19 em Portugal, repito, está nos 81 anos. Ou seja, as pessoas com covid-19 estão a morrer dentro da esperança média de vida. Não estaremos a exagerar em muitas das medidas, como o fecho de escolas? O problema está nos lares, não nas escolas. O vírus poupa as crianças. Sim, as crianças podem passar o vírus aos avós, mas é por isso que não há contato entre gerações. Sabemos que os miúdos não podem ser netos neste momento. Mas porque é que não podem ser alunos? Porque é que as escolas não abriram já com os devidos cuidados?

#sairdecasa é fundamental para a liberdade, mas também para salvar vidas: sem trabalho, há pobreza; a pobreza mata direta e indiretamente; sem vacina em tempo útil, é preciso atingir uma imunidade de grupo que devolva a segurança às pessoas com 70 e 80 anos. Nesse sentido, as crianças, os jovens e os adultos saudáveis (que estão objetivamente fora do alcance do vírus) têm de sair e enfrentar o vírus num regresso à normalidade sem medo, porque sem essa normalidade não haverá economia, não haverá liberdade tal como a concebemos e nunca mais teremos a tal imunidade de grupo. Achatámos a curva, agora temos de #sairdecasaecomeçarasalvaristo.

Fonte: Expresso