Início Educação Pais assumem ter feito tarefas pelos filhos durante ensino à distância

Pais assumem ter feito tarefas pelos filhos durante ensino à distância

1788
0

Estudo feito para o projeto Escola Amiga revelou pouca autonomia durante o ensino à distância: 35% dos pais assumiram ter feito tarefas pelos filhos.

A maioria dos alunos não consegue fazer os trabalhos sozinhos: 45% precisa “frequentemente” da presença de um adulto e 31% toma a iniciativa mas requer a supervisão final de um adulto. Só 24% consegue realizar as tarefas sem ajuda, conclui um estudo feito para o projeto Escola Amiga divulgado esta quinta-feira.

Desde o fecho das escolas, em março, os pais passaram “mais tempo do que nunca com os filhos”. Resultado, explica o psicólogo Eduardo Sá (um dos fundadores do projeto), “descobriram que os filhos tinham dificuldades na aprendizagem e eram pouco autónomos”.

No inquérito, mais de dois terços até responde considerar os filhos moderadamente ou muito autónomos. Mas essa perceção revelou-se “falsa” já que a maioria precisa de ajuda e 35% dos pais até assumiram que não só monitorizavam como realizavam as tarefas pelos seus educandos.

Professores valorizados

Mais de um terço dos alunos (33,5%), de “todos os anos de escolaridade”, terá manifestado dificuldades na interpretação e compreensão das tarefas pedidas . Para 21,7% era difícil fazer pesquisas e 21,5% tiveram problemas com as competências em informática, especialmente os do 12.º . Falta de autonomia e dificuldades evidenciam, para Eduardo Sá, um sistema de ensino centrado nos resultados, sobretudo dos exames, e não nas aprendizagens. O psicólogo assume que a pandemia podia ser uma oportunidade para se mudar o modelo de escola “do século XIX” mas que o regresso às aulas presenciais confirma que o sistema “não mudou”.

O ensino à distância agravou as desigualdades e num ano “absolutamente fora do vulgar”, o psicólogo considera que a avaliação externa no Básico devia ser equacionada. “Se se exigir aos alunos o mesmo que há ano e meio é porque não se percebeu nada”.

JN