PÁGINA 4 – OS PERORADORES
Tenho muito pouco a dizer sobre estre grupo, que inclui bloguistas e outros oradores. Direi apenas que falam muito bem e argumentam melhor. Alguns, analisam brilhantemente todas as matérias relacionadas com o ensino e a educação. Na sua generalidade, embora uns mais do que outros, como é óbvio, estão como peixes na água diante das câmaras de televisão, dos microfones da rádio e nas páginas dos jornais. É o seu habitat natural.
Penso que os peroradores são excelentes representantes da nossa classe profissional e que é com toda a propriedade que a esmagadoríssima maioria dos professores se revê neles e na sua forma de estar e de intervir. De uns e de outros, pode-se esperar muito, no âmbito da resiliência assertiva. São capazes de ficar décadas a resistir desta forma. Só não se pode contar nem com uns nem com outros para ações um pouco mais musculadas, que impliquem riscos. Lá isso não, porque, na sua generalidade, são rebeldes não praticantes. Há mesmo quem ainda tenha a tentação de se alistar numa ou noutra peleja mais brava, mas logo a consciência assertiva fala mais alto, e recuam.
A classe tem os ídolos e os gurus que melhor se adequam ao seu perfil psicológico. Ter referências assertivas legitima todas as formas assertivas de luta e só as assertivas formas de luta. Deste modo, todos andam de bem com o seu espelho e todos dormem melhor, conscientes de tudo terem feito para vencer (dormir bem é essencial, sobretudo para quem lida com crianças e jovens). Se isso não acontece, a culpa é do ministro, do Governo ou do sistema. Das formas de resistência e dos resistentes é que não! Lá isso não!
Perorar, nas suas variadíssimas formas, é a melhor forma de combater as injustiças e as iniquidades que diariamente se abatem sobre a classe docente e sobre a Escola Pública. Portanto, está tudo em perfeito equilíbrio neste reino. Há que ter fé!