Quando saem de cargos de responsabilidade dizem o que os seus sucessores devem fazer, que na realidade é quase sempre o que eles não fizeram!
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Os professores são uma classe maltratada?
Muito maltratada. É uma classe que tem uma brutal carga burocrática em cima. É inacreditável, ninguém imagina a parafernália de documentos que é preciso articular, desde o perfil, os objetivos, as competências essenciais, as reuniões que têm que fazer. A vida dos professores é uma vida de exaustão, é uma classe muito envelhecida.
Qual a sua opinião sobre Tiago Brandão Rodrigues?
O atual ministro está lá para fazer o que o mandam fazer.
É assim que o vê?
É exatamente assim que o vejo. É um jovem cheio de mérito, era investigador num centro de investigação e representa a geração mais qualificada do país. Mas não conhece as escolas e não tem experiência. Não tem projeto nem programa, a não ser aquele que o PS o manda executar. Acho lamentável.
Tem sido criticado pelas competências…
Porque não as tem.
Quais são os problemas mais urgentes para resolver na Educação?
A falta de funcionários é fatal numa escola. Os funcionários fazem equipa com os professores. Outros dos eixos críticos que vejo são os mega-agrupamentos.
Porquê?
Tive a prova, há um ano ou dois, que a secretária de Estado da Educação, que tem sido a negociadora com os sindicatos, não sabia como tinham surgido os agrupamentos. Os agrupamentos surgiram por razões pedagógicas, para articular os ciclos da escolaridade obrigatória. Isso funcionou em alguns territórios e foi uma experiência muito positiva. Mas os mega-agrupamentos são uma coisa tremenda. As escolas perderam a sua identidade, perderam o seu ritmo e não foram acompanhados pelo aumento do número de funcionários. Se está aberta a cantina está fechada a reprografia, a biblioteca fecha para abrir o bar. E isto são situações de um país subdesenvolvido.
Fonte: Sol
Foto: Bruno Gonçalves