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Os Exames Nacionais de 2020 têm de contar para a classificação final do Ensino Secundário

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O Governo decidiu que os exames do 11.º e do 12.º anos não contarão para as classificações finais das respectivas disciplinas neste ano lectivo.

Esta decisão é errada pois altera as regras a meio do ano lectivo, cria desigualdades logo ao estabelecer diferentes formulações para o cálculo da nota de ingresso ao Ensino Superior e favorece os alunos que, por terem melhores condições de estudo ou estudarem em escolas onde as classificações médias são de alguma forma mais elevadas (tendencialmente os alunos de classes socioeconómicas mas elevadas), tendem a ter melhores classificações de frequência.

A solução simples e de imediata aplicação para garantir que o impacto da pandemia será igual para todos estes alunos no acesso ao Ensino Superior é estabelecer, para ambos os anos em causa e em cada disciplina, uma regra de “não prejuízo”. Esta regra é baseada numa classificação média de base considerando as classificações dos primeiro e segundo períodos e em que as classificações de testes e trabalhos do terceiro período e dos exames nacionais, com aprovação obrigatória, apenas contem para a média se forem superiores à classificação de base. Esta solução foi adoptada com sucesso na maioria das universidades britânicas em parceria e com grande aceitação das comunidades de alunos.

Esta é a melhor forma de assegurar equidade e minimizar os impactos que a pandemia está a ter nos alunos do 11.º e 12.º anos e nos seus professores, impactos esses académicos mas também, e não menos importante, impactos na sua saúde e bem-estar psicológico.

Com esta solução, os alunos teriam a garantia de que um possível pior desempenho no terceiro período ou no exame final não afectaria a sua média e que todos concorreriam para a universidade em pé de igualdade. Daria um incentivo ao estudo pois poderiam sempre melhorar a média em exame, tendo uma rede de segurança para não piorá-la devido a factores exógenos. Diferentes alunos têm diferentes performances em diferentes meios de avaliação. O impacto da existência de conteúdos não leccionados, que difere entre escolas, é anulado. Minimizaria o impacto das desigualdades territoriais, pois os alunos de regiões de baixa densidade terão neste terceiro período que passar muito mais tempo em trânsito e na escola devido à reduzida acessibilidade em comparação, por exemplo, com os alunos das cidades.

O impacto da possível instabilidade do corpo docente (muito envelhecido, especialmente no sistema público e susceptível de ausências devido à covid-19) em disciplinas com exame seria minimizado.

A equidade do concurso de acesso ao Ensino Superior em 2020 seria assegurada. Acabaria também a decisão bizarra que diferencia os alunos que concluíram o secundário em 2020 e outros, nomeadamente os que o concluíram em 2018 e 2019. Estes últimos são beneficiados, injustificadamente, no mesmo concurso de acesso com a possibilidade de calcular a sua classificação com a melhor de duas opções, incluindo a consideração do exame nacional.

O que surpreende no debate público é fraca reacção dos principais actores. Alguns alunos assinaram uma petição que infelizmente apela à anulação da avaliação do terceiro período e à suspensão de exames, o que geraria uma discriminação em relação aos colegas dos concursos de acesso dos anos anteriores. As escolas estão muito focadas nas questões de segurança e logística da reabertura. Os pais ainda estão preocupados com os métodos de aprendizagem online. Os sindicatos alertam para o tema mas propõem a não inclusão de matéria não leccionada. As universidades ainda não se pronunciaram sobre como as desigualdades geradas por esta solução farão coabitar estudantes com diferentes resultados de acesso; apenas os politécnicos apelam à equidade no concurso de acesso, sem no entanto especificar.

Estudos mostram o impacto negativo e perene do inadequado acesso ao Ensino Superior nos alunos de condições socioeconómicas menos favoráveis (um exemplo da London School of Economics and Political Science).

O debate alargado é urgente para impedir uma desigualdade óbvia e gerada por política pública num momento fundamental da vida dos cidadãos que agora entram no Ensino Superior.

2 COMENTÁRIOS

  1. Afinal os exames já são importantes
    Há poucos meses era fundamentais. Ser contra era facilitismo.O governo só queria passar toda a gente
    Afinal de repente, maldito governo que só dá importância aos exames. Não são precisos exames para nada.
    Agora…
    O problema não é ter diferentes opiniões.
    O problema que são os mesmos a ter sucessivamente diferentes opiniões de acordo com a mesma a linha de pensamento. Dizer mal

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