Numa das maiores greves de sempre na educação nos EUA os professores de Chicago, 2018-2019, na Escola pública, dividida em comunidades, muitas segregadas e pobres, ganharam: aumentos de salários, contratação de mais professores, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, habitação social para alunos, turmas reduzidas. Como? Durante 1 ano organizaram em cada escola um comité de greve, eleito, esse comité esteve 1 ano a realizar encontros com as comunidades locais, de pais, desporto, cultura, assistência, explicando quais as razões de luta dos professores. Quando rebentou a greve toda a imprensa os acusava de destruir a vida dos alunos, sem aulas. Mas a cidade de Chicago apoiou-os em massa. As famílias sentiram-se parte do processo. O governo perdeu. E – incrível – os comités de greve exigiram que as negociações com o Governo fossem feitas em plenário aberto aos professores e aos membros da comunidade. Sim, não houve negociações à porta fechada.
Os professores em Portugal mobilizaram-se numa greve com uma manifestação que foi uma surpresa. O PS, que navega a ilusão do super poder da maioria absoluta, teve a primeira oposição real deste mandato. O Sindicato que a convocou trouxe algumas novidades ao panorama sindical – o STOP apresenta-se como um sindicato de mandatos finitos, os dirigentes são professores que ciclicamente estão nas escolas, os cargos de dirigente sindical são rotativos. Todos os que participaram na manifestação puderem ter acesso ao microfone. A greve parte de uma organização escola a escola, que elege um comité de greve. Os estatutos do STOP não são blindados, o que torna muito mais fácil e democrático apresentar listas alternativas à direção. Os acordos com o Governo não são assinados sem ouvir todos os membros.
Estes factos são conhecidos pelos historiadores sociais. Eram o padrão no século XIX, quando nasceu o sindicalismo. A ideia de que dirigentes não exercem a profissão, eternizam-se nos cargos, fazem plebiscitos (em vez de debates prévios e plenários para aprovar ou chumbar acordos), ou que as greves se decretam à sexta (em vez de se organizarem com tempo e fundos de greve) é uma ideia estranha ao movimento sindical até praticamente à II Guerra Mundial. O desafio está aí: que sindicalismo para o século XXI?
Alguém que mande esta opinião aos palermas do G8.
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