O Pensamento Computacional (PC) assume um papel cada vez mais relevante nos currículos de Matemática de diversos países, incluindo Portugal. O Ministério da Educação português define-o como uma Capacidade Matemática essencial, integrando as Aprendizagens Essenciais do Currículo da Matemática.
Jeannette Wing, Seymour Papert e Paulo Blikstein corroboram a importância do PC na educação. Wing define o PC como “uma forma de pensar que envolve a formulação de problemas de forma que possam ser solucionados por um computador, a criação de algoritmos para resolver esses problemas e a implementação e avaliação desses algoritmos”. Papert, por sua vez, defende a utilização da linguagem de programação como ferramenta para o desenvolvimento do PC, permitindo que crianças explorem conceitos como decomposição, abstração e algoritmos de forma lúdica e criativa. Blikstein destaca o potencial da robótica para o desenvolvimento do PC, proporcionando aos alunos a oportunidade de aplicar conceitos como abstração, decomposição e algoritmos na construção e programação de robôs.
O documento das Aprendizagens Essenciais (AE) divide o PC em cinco fases:
Abstração: Extrair a informação essencial de um problema, selecionando a informação relevante através do pensamento crítico e lógico.
Decomposição: Estruturar a resolução de problemas por etapas de menor complexidade, tornando-a mais acessível.
Reconhecimento de padrões: Identificar padrões e regularidades no processo de resolução de problemas, aplicando-os em outros problemas semelhantes.
Algoritmia: Desenvolver um procedimento passo a passo (algoritmo) para solucionar o problema, recorrendo à tecnologia.
Depuração: Procurar e corrigir erros, testar, refinar e otimizar uma dada resolução.
O uso das tecnologias é um importante aliado no desenvolvimento do PC. Plataformas como o Scratch, Open Roberta e Microbit ,permitem que os alunos explorem conceitos de PC de forma lúdica e criativa, através da programação visual. Estas plataformas podem ser usadas para contar histórias, criar jogos, resolver problemas geométricos e desenvolver soluções para diversos desafios.
A robótica é outra ferramenta poderosa para o desenvolvimento do PC. Ao programar robôs, os alunos são desafiados a aplicar conceitos como abstração, decomposição, algoritmos e depuração em um contexto real e interativo. A robótica contribui para o desenvolvimento da criatividade, da resolução de problemas, do trabalho em equipe e da capacidade de pensar de forma crítica e lógica.
Paulo Blikstein, Mitchel Resnick e Yasmin Kafai reconhecem o potencial da robótica na educação. Blikstein destaca o papel da robótica no desenvolvimento do PC e na aprendizagem STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Resnick, criador da plataforma Scratch, defende a importância da programação como ferramenta para o desenvolvimento da criatividade e do pensamento computacional. Kafai, por sua vez, pesquisa o impacto da robótica na educação, especialmente no que diz respeito à aprendizagem colaborativa e à construção de conhecimento.
A robótica terá um impacto significativo no futuro, com aplicações em diversas áreas como a indústria, a saúde, a educação e a investigação. A sua utilização contribuirá para o aumento da produtividade, da precisão e da qualidade de vida.
O Pensamento Computacional e o uso das tecnologias são ferramentas poderosas para o desenvolvimento de habilidades essenciais para o futuro. A educação deve estar preparada para incorporar estas ferramentas de forma eficaz, promovendo a aprendizagem significativa e o desenvolvimento integral dos alunos.
Referências Bibliográficas
Blikstein, P. (2018). Coding as a new literacy: The promise and peril of digital making in schools. Cambridge, MA: MIT Press.
Kafai, Y. B. (2016). Connected play: Learning through digital media. Cambridge, MA: MIT Press.
Resnick, M. (2017). Lifelong kindergarten: Cultivating creativity through projects, passion, peers, and play. Cambridge, MA: MIT Press.
Wing, J. M. (2006). Computational thinking. Communications of the ACM, 49(3), 33-35.