Sempre que, na quarentena, falei da dedicação dos pais, escutei “Não fiz + que a minha obrigação!”. Ora, ser presente, estar atento e dar o melhor de si não é uma obrigação. É, muito +, um compromisso do “fundo da alma”! Um compromisso com os filhos e consigo.
Mal o perigo da pandemia soou, os pais protegeram os filhos. Reeducaram-nos. Assumiram-se como um sistema de alarme em relação a todos os gestos irreflectidos. Estruturaram programas que preenchessem os dias e que os fizessem fugir a series e jogos. Transformaram os grupos WhatsApp numa espécie de “brigadas de acção rápida” com redes de informação e sugestões. Acudiram a uma nova categoria de papões e, por obra do vírus, tiveram “piquetes”, quase diários, de auxílio a uma “epidemia” de insónias que nunca mais acabava. Muniram-se de bom senso sempre que o humor das crianças entrava num loop. Fizeram escolhas de “cortar o ?” entre os seus pais e os seus filhos, e dividiram-se em cuidados. Arrumaram a sala e quartos em regime “non stop”. Mesmo cheios de sombras, dentro deles, contaram histórias, riram, cantaram e brincaram. Puseram as crianças a cozinhar. E, mesmo em layoff, fizeram por esconder as preocupações e cuidaram. E trabalharam; sem horário nem condições. E cozinharam. Explicaram. Ensinaram. Mediaram. E resguardaram. Os pais fizeram muito + que a “obrigação”. Mantiveram as empresas, as instituições e o país a funcionar. Não dormiram. Não pararam. Nunca se puseram em 1º lugar. E merecem admiração e reconhecimento.
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Nós agradecemos a todos aqueles que, com sacrifício, criaram as condições para estarmos fechados, em quarentena. E, batemos palmas. Mas era altura de dizermos aos pais: obrigado! Obrigado por nos recordarem que a humanidade começa nos nossos gestos de pais e de filhos! Obrigado por nos darem, pelos vossos cuidados e pela elegância da vossa discrição, motivos para acreditarmos que, se depender do vosso exemplo o futuro será um lugar de rosto humano. Feito de pessoas capazes do seu melhor. Obrigado!
Fonte: Instagram Eduardosa