O dia a dia em muitas escolas é a indisciplina, a violência verbal e física, entre a comunidade, só acha que não quem não está lá!
Estes casos são demasiado frequentes, infelizmente, e não vejo ninguém a querer agir e a atacar o problema pela raiz!
Temos assistido, desde do tempo da Maria de Lurdes Rodrigues, a um aumento de violência escolar.
Parece-me claro que este aumento deve-se não só às políticas educativas, desde então, mas também a uma crise de autoridade na Família, pelo facto de muitos pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para a Escola, para os Professores, mas não podemos esquecer que estes últimos foram perdendo ao longo destes anos a pouca autoridade que ainda tinham.
As crianças e os jovens precisam de encontrar, também em casa, desde muito cedo, a figura da autoridade, sem autoritarismo, que é um elemento fundamental para o seu crescimento.
O que acontece é que grande parte das famílias demite-se da sua função, da sua missão não percebendo que isso terá consequências nefastas na vida dos filhos!
Torna-se ainda pior quando esses mesmo pais, não cumprem o seu dever nem deixam que outros o façam, achando que os seus filhos têm mais direitos do que na realidade têm!
Na educação das crianças e adolescentes, uma correta escala de valores morais, converte os filhos em rapazes e raparigas com personalidade, e é o melhor antídoto contra as loucuras da adolescência.
Quando isso não é possível, alguém, que não a escola, deve ser responsabilizado por isso, no caso o encarregado de educação.
Os fatores que favorecem a indisciplina são múltiplos, em primeiríssimo lugar:
– Desresponsabilização dos pais/encarregados de educação;
– Desvalorização da classe docente;
– Culpabilização exclusiva dos professores;- Regras mal definidas e com sanções pouco claras;
– turmas demasiado grandes;
Em segundo plano, mas não deixando de ser importante:
– algumas características de cada nível etário;
– a falta de interesse pelas matérias lecionadas;
– dificuldade em acompanhar as matérias dadas na aula, por falta de bases ou por dificuldades de aprendizagem;
– aulas pouco motivadoras;
– salas de aula sem condições;
Não me parece que apenas mudando a abordagem a alguns destes factores consigamos eliminar a indisciplina nas escolas.
Creio que a a abordagem deve ser globalizada e começando pela responsabilização dos pais.
É por esta base que devemos agir, é aqui que tudo começa e creio que em seguida tudo o resto virá em efeito dominó.
Basta que se recupere o Artigo 14.º do Estatuto do Aluno em vigor nos Açores e se lhe acrescente uma terceira alínea.
Incumprimento dos deveres de assiduidade e de disciplina
1 — O incumprimento pelos pais ou encarregados de educação do disposto na alínea o) do n.º 4 “Responsabilizar -se ativamente pelos deveres de assiduidade e de disciplina dos seus educandos;” do artigo anterior pode determinar a suspensão dos apoios a que o aluno tem direito no âmbito da ação social escolar, quando não os utilize de uma forma adequada.
2 — A suspensão prevista no número anterior nunca pode afetar os apoios relativos à alimentação e transporte.
3 – A reincidência dos atos, do respetivo educando, levará a que lhe sejam aplicadas multas entre 60€ e 300€.
Estou a partir do pressuposto, porque acredito que assim seja, que todos os professores, fazem o possível e os impossível para que as aulas decorram sem indisciplina, mas sentem-se desprotegidos, sentem-se ameaçados, sem armas para “lutar”, porque existe uma grande desvalorização, desconfiança e desrespeito, por parte da sociedade e até da tutela, para com os professores!
Creio que este poderia ser a ação limite, depois de esgotadas todas as outras formas de “combate” com psicólogos, equipas multidisciplinares, tutorias e etc.
P.S. – Vergonhoso mesmo é continuar sem ouvir uma única palavra, por parte das entidades responsáveis, sobre estes assuntos! Pensam eles que se não se falar do assunto ele não existe?