Mais de 300 docentes e educadores de infância vão aposentar-se entre janeiro e fevereiro, deixando as escolas com mais falta de quadros e aumentando os casos de alunos sem todos os professores atribuídos.
Em janeiro, as escolas perdem 173 professores, incluindo cinco educadores de infância. Em fevereiro, serão menos 11 educadores de infância e 154 docentes, segundo a lista mensal divulgada pela Caixa Geral de Aposentações (CGA), que revela que haverá 338 novos reformados nestes dois primeiros meses do ano.
“As previsões para todo este ano de 2022 apontam para 2.826 professores aposentados”, disse à Lusa o professor Arlindo Ferreira, que tem feito uma análise sistemática à evolução das aposentações.
As contas de Arlindo Ferreira revelam uma tendência de aumento de pensionistas desde 2018, quando se reformaram 669 professores. No ano passado, o número não chegou aos dois mil, mas as previsões do diretor escolar apontam para 3.515 já no próximo ano.
Até 2030, estima-se que mais de metade dos professores se reforme, tendo em conta que atualmente a maioria tem pelo menos 50 anos.
Sindicatos e diretores escolares têm alertado para os efeitos de ter uma classe envelhecida e do desinteresse dos jovens em seguir a profissão docente. Um dos efeitos imediatos da aposentação é deixar algumas turmas sem professor.
“Apenas os professores que pedem aposentação até junho ficam sem turmas atribuídas no ano letivo seguinte, que começa em setembro”, explicou Arlindo Ferreira, que é diretor do agrupamento de escolas Cego do Maio, no Porto. Todos os outros têm turmas atribuídas até se reformarem e por isso estas saídas aumentam os casos de alunos sem todos os docentes atribuídos.
Segundo o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, os professores à beira da reforma têm horários de 14 horas semanais. Para um docente contratado, este horário traduz-se num salário bruto abaixo dos mil euros.
Se for um professor casado e com um filho, ao fim do mês leva para casa 780 euros líquidos, segundo contas feitas por Filinto Lima.
“Estes horários só são aceites por professores que vivem perto da escola, caso contrário, não conseguem pagar as contas”, lamentou Filinto Lima, voltando a defender a importância de serem criados apoios aos docentes deslocados, como subsídio de deslocação e estada.
Numa análise à distribuição dos professores que se vão aposentar em fevereiro, verifica-se que há docentes de escolas de todo o país, desde o norte ao sul, do litoral ao interior.
As escolas que têm mais dificuldade em arranjar professores situam-se abaixo de Santarém : As zonas de Lisboa e Vale do Tejo e o Algarve são as mais complicadas, disse Arlindo Ferreira.
Observador