Miguel Costa é professor na Madeira há 20 anos, mas será por pouco tempo esta condição de professor na Madeira. Em setembro regressa a casa para ocupar uma vaga de Filosofia no agrupamento de escolas de Paço de Arcos.
“Passei por mais de sete escolas na Madeira, tive mais de 2.000 alunos nas “minhas mãos”. Portanto, deixo muita saudade, mas aproveitei uma oportunidade”, explicou Miguel Costa.
Miguel Costa, natural de Oeiras, volta sobretudo por motivos pessoais. Os filhos que estão a chegar à idade de ir para a universidade e os pais que estão a envelhecer. Mas acima de tudo porque o Governo nacional lhe deu uma oportunidade.
“O Governo Nacional vai nos dar a recuperação do tempo de serviço e alguns professores até vão subir de escalão mais rápido”, acrescentou.
Só na Escola Secundária Francisco Franco são sete os professores que ficaram colocados no continente. Em termos percentuais não são muitos, mas a direção está preocupada.
“A questão é que são professores que já conhecíamos há muito tempo, com quem contávamos há muito tempo. É sempre prejudicial quando pessoas com experiência e já com trabalho no terreno nos faltam”, disse António Pires da direção executiva da escola Francisco Franco.
Para sindicato esta saída é a prova que nem tudo está bem na Madeira e que já não basta recuperar o tempo de serviço.
“Na Madeira continua a ser necessário vaga para aceder a dois escalões e esse tempo perdido também revolta porque na maioria dos casos a avaliação é muito discricionária”, garantiu Francisco Oliveira, membro do sindicato dos professores da Madeira.
Estes números também se explicam pelo facto 40% dos docentes ser natural do continente. Alguns vão mesmo ter de deixar um salário para compensar a região por quebra de contrato.
“Têm que indemnizar a região por não terem cumprido o mínimo de três anos de exercício na região”, explicou Jorge Carvalho, secretário da Educação.
Seja como for, o governo garante que tem uma bolsa para garantir professores a todos os alunos.
“Vamos iniciar o ano com cerca de menos de 1.000 alunos do que no ano anterior, portanto há todo um conjunto de aspetos que consideramos que estas saídas não causaram grandes dificuldades ao normal funcionamento das nossas escolas e particularmente ao inicio do próximo ano letivo”, acrescentou.
A Madeira tem, entre setor privado e público, perto de seis mil professores e foi a primeira região do país a iniciar o processo de recuperação integral do tempo de serviço. Durou seis anos e estará concluído a 1 de Janeiro de 2025.