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Libertem os professores do ministério (e da Fenprof)

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O problema é tão grande que tem tudo para comprometer ainda mais os nossos alunos e para nos envergonhar como país no contexto europeu. Segundo a “Visão”, pelo menos 110 mil alunos podem ficar sem professor (a pelo menos uma disciplina) já no próximo ano lectivo. A renovação geracional é uma quimera. E nada vai mudar, porque o PS recusa mudar; o PS e o PCP através da Frenprof. Mudar esta situação implicava tirar poder às clientelas burocráticas que o PS e o PCP têm no ministério e nos seus tentáculos regionais; implica ser realmente europeísta na forma como se aborda o estado social, implica dar algo que o PCP não pratica e o que PS só pratica em discursos, não na prática: liberdade.

 

O problema da falta de professores na escola estatal é o mesmo da falta de médicos nos hospitais estatais. E esse problema não é o dinheiro, é a total ausência de autonomia e o esmagamento administrativo a que os professores e médicos são submetidos pelos burocratas do ministério; passam demasiado tempo a preencher papéis que só têm uma função – justificar o salário dos burocratas que vêem e validam esses papéis no ministério. É isto que está a sufocar a profissão. Não há falta de professores nos colégios privados, não há falta de médicos nos hospitais privados, porque ser médico e ser professor numa instituição autónoma (seja ela privada ou pública) é outra loiça.

Às tantas, os professores sentem que não estão a trabalhar para os seus alunos, mas sim para os papéis da burocracia, da mesma forma que os médicos sentem que estão a trabalhar para um computador e para os dados e não para os doentes. Ou seja, o professor não tem qualquer tipo de poder e autonomia sobre o seu próprio trabalho, sente-se um pau mandado burocrático.

A solução já foi inventada e é aplicada noutros países europeus. As escolas podem permanecer estatais, não têm de ser privatizadas, mas a gestão das escolas tem de mudar. As escolas têm de ter mais autonomia. Temos de libertar os professores do ministério da educação, que é um dos grandes fatores de atraso do país. O ministério da educação é um monstro de centralismo burocrático da era da autonomia e da digitalização. Os diretores de escola podem e devem ter mais autonomia administrativa e pedagógica. E os professores, ao longo do seu dia-a-dia, só deviam prestar contas ao seu diretor, e não ao ministério.

A burocracia do ministério mata a autonomia orgânica de cada escola, que podia e devia ser um mundo em si mesmo, uma realidade orgânica que devia ser um reflexo vivo do seu bairro, vila, aldeia, e não um reflexo do ministério. Libertem os professores. Libertem os médicos. Nada aqui implica mais dinheiro; implica, isso sim, mais respeito pela autonomia dos professores, mais respeito pela liberdade e responsabilidade das pessoas que estão no terreno junto dos alunos. Não é uma questão de dinheiro, repito, é uma questão de respeito; é preciso uma mudança de perspectiva do estado. O socialismo que nos sufoca não confia na liberdade e responsabilidade dos seus funcionários, sejam eles professores ou médicos, e por isso sufoca-os com os burocratas e os boys. Essa dupla, o burocrata longe do terreno e perto dos papéis inúteis e o boy de nomeação política, são a grande rede que o PS usa para controlar o país. O preço é demasiado alto – o país inteiro perde tempo, dinheiro, talento e, neste caso, perde professores até ao ponto da ruptura.

Expresso

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