Perante a seguinte pergunta:
Por que razão(ões) os pais que têm os filhos nas escolas privadas não agridem professores (oficialmente ?)?
Queria trazer a debate esta questão que me parece pertinente e de resposta mais complexa que aquelas que fui lendo no Facebook.
Não tenho a verdade na ponta dos dedos, mas conto com experiência em vários cenários, IPSS, privado de periferia, privado de topo, escola pública TEIP e escola pública sem intervenção prioritária.
Uma coisa é certa todas elas são, por si só, muito diferentes, mas vamos por partes.
Em princípio, e como ponto de partida, os pais que procuram o ensino privado fazem-no por convicção de ao fazerem estão a apostar na educação dos filhos. Consideram que assim poderão proporcionar uma educação de maior qualidade aos seus filhos do que aquela que encontrariam na escola estatal.
Em segundo lugar, não é verdade absoluta dizer-se que os que tem os filhos nos privados são economicamente mais favorecidos e os que os colocam no estatal os mais desfavorecidos.
Podemos sim dizer que os menos favorecidos terão mais dificuldades em colocar os filhos no ensino privado e por isso muitas vezes fazem enormes sacrifícios ou recorrem a algumas IPSS ou não podendo mesmo colocam-nos na estatal da área de residência.
Também é verdade que há muitos alunos filhos de famílias economicamente favorecidas a frequentarem o ensino estatal pelas mais diversas razões, seja por acreditarem na escola pública
Considerando os pontos anteriores percebe-se que os pais que apostam no ensino privado, fazem-no conscientes de que estão a fazer um investimento futuro. Podem ou não se sacrificarem para poderem colocar os filhos nos colégios, mas fazem-no por acreditarem na Educação.
Creio que seja esta a maior diferença de postura entre os pais que têm os filhos na escola pública e os que têm no privado.
Perante estes dados acredito que os alunos que frequentam o ensino privado vêm “formatados” com a mensagem de valorização da escola!
É esta a diferença, postura perante a escola, postura perante a Educação, postura perante os professores.
O valor que atribuem à Educação passam para os seus filhos e pagam para que eles tenham acesso a educação de qualidade.
Quando as coisas, ainda assim, correm mal, o ensino privado tem melhores e mais ferramentas para lidar com a situação, psicólogos, equipas de professores de apoio e em última instância o “convite” à saída, que nenhum pai quer receber e que por isso costumam ser colaborantes com a escola!
No ensino estatal também há pais destes, alunos destes, como é óbvio, mas, infelizmente, são a minoria.
Concluindo, tudo passa pela forma como os pais e, por sua vez, os filhos encaram a escola, valorizam a escola e a educação!
Alberto Veronesi