O que assistimos diariamente em diversos setores da sociedade é que nem tudo o que parece óbvio e desejável o é na realidade.
No caso da educação parece que se perdeu o sentido do respeito pelo próximo, do respeito pela liberdade e direitos dos demais em prol de uma inclusão que, sem recursos, não acontece.
Enquanto que aqui há alguns anos evitava-se a todo o custo que a liberdade da maioria fosse posta em causa, hoje, invertendo-se os papéis, temos a maioria a ser prejudicada em detrimento das minorias!
Quando queremos ser inclusivos não podemos ao mesmo tempo excluir.
É o que tem acontecido, nas escolas, nas salas de aulas, um pouco por todo o país. Ao tentarmos cumprir com o Decreto de Lei n.º 54/2018 e sua alteração Lei n.º 116/2019, de educação inclusiva, “incluindo” a todo o custo, ou seja, sem meios, os alunos com necessidades educativas especiais, estamos no fundo a prejudicar todos os outros que, mesmo não necessitando de diferenciações pedagógicas, também têm direito à educação.
As equipas do EMAEI (Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva) são insuficientes ao nível dos recursos, a falta de professores de ensino especial é gritante.
Os que há, muitas vezes com horários incompletos para encurtar custos, estão sobrecarregados, não conseguem dar vazão a tantos casos. Os professores veem-se a braços com situações desesperantes em sala de aula, onde nem sequer as auxiliares operacionais os podem valer, pois, até estes últimos, são recursos escassos nas escolas.
Com isto tudo, quem sai prejudicado? Todos os alunos, tenham ou não necessidades educativas especiais, que se veem inseridos numa turma, de 25 alunos, sem o apoio necessário.
A decisão economicista da Escola Inclusiva não tem trazido nada de benéfico nem para as escolas, nem para os alunos. Perdem todos, sobretudo os que mais precisam. Se isto é inclusão, o que será exclusão?
Alberto Veronesi