Um trabalho da autoria de Rui Cardoso e Alexandre Henriques.
Um pequena ressalva, há escolas do primeiro ciclo, nomeadamente em Lisboa e possivelmente nas grandes cidades, que já funcionam em regime duplo…
Defendo as medidas, aliás como escrevi no longínquo 8 de maio aqui, mas, não desmerecendo o trabalho dos colegas, acho que esse cabe a cada Agrupamento, porque a diversidade de funcionamento de cada um é muito grande!
De qualquer forma fica o trabalho para análise e que servirá com certeza para princípio de conversa!
A indefinição do futuro nunca foi tão notória como agora, programa-se a curto prazo dando pequenos passos no sentido que se julga como mais certo.
Na Educação os passos têm sido pequenos, experimentando e analisando os resultados na perspetiva de se ter uma visão do que poderá acontecer no início próximo ano letivo.
A hora do pânico e do não se saber o que fazer já passou, os professores estão a trabalhar com os seus alunos tendo adotado as estratégias que julgaram apropriadas e necessárias. Nem tudo correu bem, nem tudo corre bem, as contingências são inúmeras e enormes, mas cada um está a dar o seu melhor dadas as circunstâncias e a falta de preparação que todos tinham e ainda têm.
O final deste ano letivo, embora tivesse sido alargado, está a chegar a passos largos. Em relação ao próximo ano letivo não convém pôr a carroça à frente dos bois, mas convém estar preparado para todas as possibilidades.
O terceiro período foi caracterizado pelo Ensino Remoto de Emergência através do «E-learning», o processo de ensino-aprendizagem interativo e à distância que faz uso de plataformas web, cujos recursos didáticos são apresentados em diferentes suportes e em que, no caso de existir um formador, a comunicação com o formando se efetua de forma síncrona (em tempo real), ou assíncrona (com escolha flexível do horário de estudo), o próximo ano letivo não pode funcionar da mesma forma.
Tem-se falado muito do «B-learning», o processo de ensino-aprendizagem que combina métodos e práticas do ensino presencial com o ensino à distância, mas ainda não se pode dizer que vamos trabalhar com este método de ensino, o avançar ou não da pandemia ditará como se iniciará o próximo ano letivo. Mas convém traçar todos os cenários possíveis, convém estar preparado para tudo.
Nesse sentido temos que ter em conta as especificidades dos diversos ciclos de ensino, logo as soluções devem diferir de uns para os outros.
As Creches e o EPE deverão funcionar em pleno com as diretrizes que já foram emanadas pela tutela e pela DGS. Os outros ciclos terão de se adaptar aos novos tempos, ainda que temporariamente, de forma a garantir um ensino de qualidade e equitativo.
No 1.º Ciclo, as coisas complicam-se nos dois primeiros anos. As crianças do 1.º e 2.º anos não são suficientemente autónomas para que o «B-Learning» possa funcionar em pleno e sem constrangimentos.
Partindo do princípio que haverá abertura da tutela ao desdobramento de turmas e horário duplo, a solução poderá passar por aí. As turmas do 1.º e 2.º anos poderão ser desdobradas (metade dos alunos e metade dos alunos de tarde) para ser possível o ensino presencial na integra. Nestes anos torna-se impossível o «B-Learning» dadas as características da idade alvo destes alunos, da falta de autonomia e do facto de serem anos cruciais nas aprendizagens. Um aluno que não seja bem acompanhado num 1.º e 2.º ano poderá sofrer consequências no resto da sua vida académica.
Quanto ao 3.º e 4.º anos poder-se-á optar pelo ensino «B-Learning». A redução de concentrações de alunos dentro dos recintos escolares é uma das razões que podem sustentar esta opção. O desdobramento de turmas também é aconselhável, ficando as escolas a funcionar em regime duplo para todos os alunos. O sistema de ensino «B-Learning» pode ser dividido em 3 horas presenciais e 2 horas não presenciais através de momentos assíncronos e síncronos, dependendo o horário da decisão dos agrupamentos ao abrigo da autonomia dos agrupamentos. Para a disciplina de Inglês e visto no próximo ano o 3.º ano já estar abrangido pela nova matriz, propõe-se que se elabore uma portaria antecipando a entrada em vigor da mesma, também para o 4.º ano de forma a uniformizar os horários.
Relativamente ao 2º e 3º ciclo, partimos do pressuposto que o ensino presencial irá manter-se nos moldes atuais, ou seja, com um corte de 50% da carga letiva semanal. Não foi incluída a disciplina de Educação Moral e Religiosa por ser facultativa, bem como a Oferta de Escola que varia muito de escola para escola.
* Os horários foram elaborado tendo como base as matrizes de 2º e 3º ciclo em blocos de 50 minutos
Sobre o Ensino Secundário e cursos de formação e profissional, o modelo é semelhante, podendo ser utilizado este formato como base de trabalho.
Será recomendável um aumento de recursos humanos a trabalhar nas escolas durante o vigor destas medidas, uma vez que o desdobramento das turmas assim o requer, tal como a recuperação de aprendizagens referentes ao ano letivo de 2019/2020, traduzindo-se almejada equidade de oportunidades e redução do fosso, produzido neste 3.º período, entre alunos.
Fontes:
Rui Cardoso – Blogue DeAr Lindo
Alexandre Henriques – Blogue ComRegras