Decorrida a 1.ª semana do #EstudoEmCasa (a renovada “telescola”), é a altura para fazer um balanço provisório das sessões que se aguardaram com tão grande expectativa, considerando, pessoalmente, não ter sido defraudada.
Procedentes de seis escolas públicas e de duas privadas, 112 professores aceitaram um desafio dificílimo, sem rede, mas que superaram, globalmente, com profissionalismo e criatividade. Com margem para melhorar (o contributo dos organismos profissionais representativos dos professores das disciplinas curriculares será importante), estes verdadeiros heróis, a quem rendo a minha homenagem, são a imagem de uma classe profissional briosa, que se supera diariamente, ultrapassando os obstáculos que vão surgindo a cada momento, não tendo havido tempo para os poderem antever. Estou imensamente orgulhoso da prestação destes docentes que, sem direito a ensaio ou repetição, emprestam os seus conhecimentos à arte de ensinar, dando os primeiros passos num palco desconhecido, sem a plateia a que estão habituados e que tanto prezam. Parabéns!
Alguns pais e encarregados de educação confundiram o início deste projeto (20 de abril) com o arranque do 3.º período (14 de abril), quiçá tendo-lhe atribuído um protagonismo demasiado elevado, como se, per si, pudessem substituir o vínculo diário dos professores com os seus alunos. A ideia feliz do Ministério da Educação em fazer ressurgir, atualizada, a velhinha “telescola”, poderá permitir, consequentemente, um aumento da interação aluno-professor nas suas comunicações telemáticas, pois o docente poderá sugerir, assim o deseje, a visualização de certos conteúdos programáticos emitidos na RTP Memória como complemento às planificações que delineou para este período letivo.
Tratando-se de um excelente recurso educativo (audiovisual), percebe-se que estas aulas estarão a ser entusiasticamente consumidas pelos alunos que não têm instrumentos digitais, mas também por todos os que desejam reativar e/ou consolidar aprendizagens já realizadas, ou, ainda, em antecipação, aceder a conteúdos que serão lecionados em anos posteriores. Os professores saberão, certamente, rentabilizar esta ferramenta na atual modalidade do processo de ensino-aprendizagem.
A escola que todos desejamos inclusiva é a que sustenta as suas práticas em contínuas ações de melhoria, as que também urgem ser realizadas no projeto #EstudoEmCasa, desde logo pela necessidade de áudio-descrição para os alunos com incapacidade visual limitadora, respondendo com a eficácia e a adequação que foram adotadas no âmbito da surdez, tendo disponibilizado intérpretes de Língua Gestual Portuguesa. Estou convicto de que, no mais breve espaço de tempo possível, este constrangimento ficará solucionado.
Apresentando-se como uma modalidade oportuna e conveniente, atendendo às circunstâncias atuais, é certo que o futuro não passará pelo ensino a distância. Mormente no ensino não superior, o contacto presencial é imprescindível, assim como a socialização que se estabelece nos diversos espaços escolares e que potencializa o vínculo entre pares, o fortalecimento do espírito de grupo, reforçando-se o ser e sentir coletivo em detrimento do individualismo, que à distância é incrementado sem intenção, desvalorizando-se, do mesmo modo, as mais-valias do currículo oculto.
Fonte: TSF