Numa visita à Escola Secundária José Gomes Ferreira, Mariana Mortágua destacou o problema da falta de professores. A coordenadora bloquista traçou o quadro de uma “instabilidade total nas escolas” e de um “problema estrutural” de falta de docentes que as escolas têm tentado colmatar obrigando os professores a fazer horas extraordinárias, ou seja “sobrecarregando os professores que já existem e professores que já deviam ter uma carga letiva muito menor”, e contratando “pessoal não qualificado, que não estudou para ser professor”.
Para ela, pelo contrário, é preciso “atrair profissionais”, o que se faz “tendo carreiras atrativas”. Isto é o oposto das políticas seguidas nos últimos anos em que “o governo de direita mandou os professores emigrar e disse que havia professores a mais no país e entretanto saíram vinte mil professores”, se “deixou degradar a carreira” e se “desrespeitou os professores” na questão da recuperação do tempo de serviço em que PS e PSD se juntaram para a recusar.
O Bloco defende que esta recuperação “tem que ser garantida”, até porque coloca em situação de desigualdade os professores do continente e os dos Açores e Madeira, fazendo com que em situações em que estes tenham vindo lecionar no continente estejam, “com exatamente os mesmos anos de serviço”, “três lugares à frente na carreira do que os outros”.
A coordenadora bloquista propôs também ajudas de custo para os professores deslocados porque “não podemos pedir a estas pessoas que se desloquem no país, deixando as suas famílias, interrompendo a sua vida e que paguem para trabalhar porque o salário não chega para conseguirem pagar uma renda em Lisboa ou uma renda em Faro ou uma renda no Porto”.
Mariana Mortágua não esqueceu ainda os problemas do pessoal não docente das escolas que ganham o salário mínimo nacional, afirmando sobre isto que “não podemos ter serviços públicos sem garantir as condições a quem neles trabalha e a quem os faz todos os dias”.
Transferência de competências? Uma enorme trapalhada e um acordo de repartição de poderes entre PS e PSD
Questionada sobre as críticas do Tribunal de Contas, que considerou “frágil” a transferência de competências para os municípios, a dirigente bloquista considerou o processo “uma enorme trapalhada que não resolveu nenhum problema e pelos vistos só agravou problemas, nomeadamente na educação, porque as verbas chegam mais tarde, chegam com menos clareza e com menos transparência”.
Assim, “em vez de aproximar os serviços públicos das populações que seria o ideal de uma transferência de competências, dificultou porque colocou novas cargas burocráticas e, sobretudo, dificultou o acesso de serviços públicos, como é o caso das escolas, a financiamento”. Pelo que serviu tanto para dificultar o financiamento quanto “para fazer um acordo de repartição de poder entre os dois maiores partidos, PS e PSD”.