Manutenção de subsídio aos pais e medo de contágio justificam fraca afluência. Maioria mantém lay-off.
Há creches que ainda não receberam qualquer criança, registando-se casos de reabertura meramente administrativa entre estabelecimentos privados, tutelados por misericórdias ou instituições particulares de solidariedade social (IPSS). É uma queixa comum e os dirigentes do setor acreditam que a afluência só aumentará significativamente a partir de 1 de junho quando os pais perderem o apoio para ficar em casa com os filhos.
A média de afluência, por creche, foi de “quatro a seis crianças” e a presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular (ACPEEP), Susana Batista, acredita que não subirá esta semana. Entre os associados da ACPEEP, cinco reabriram apenas administrativamente – em Rio Tinto, Porto, Amadora, Alcochete e Setúbal – e um ainda aguarda os resultados dos testes de despistagem para reabrir.
“Temos de travar o combate ao medo. Mas sem pressão. Podemos tudo fazer para proteger as crianças, mas não há risco zero. A pandemia não terminou e, por isso, o regresso tem de ser um ato de confiança”, defende Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas.
Falta de material
Susana Batista enviou às creches associadas da ACPEEP um questionário sobre a reabertura. A maioria respondeu que irá manter em lay-off, até final do mês, “entre 26 a 50%” dos funcionários devido à fraca afluência.
A maior dificuldade apontada terá sido a falta de algum material, como termómetros infravermelhos, encomendados que ainda não chegaram, ou dispensadores automáticos de álcool-gel. Outro problema, aponta Susana Batista, é a impossibilidade de usarem máscaras sociais. Numa creche pequena só este investimento mensal pode ultrapassar os 500 euros, despesa que pesa na sustentabilidade.
Já só um número residual de creches ainda aguarda os resultados dos testes para reabrir, garante Manuel Lemos, assegurando que a maioria dos casos detetados em Braga e Aveiro já foram resolvidos.
0,3% testes positivos
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social garantiu que, dos 26 mil testes feitos a funcionários e educadoras, apenas “0,3%” deram positivo.