Confesso que a notícia agrada-me na globalidade, mas ao mesmo tempo estranho!
Por isso, quando li comecei a pensar em várias perguntas que creio que devam ser respondidas para que possa formar uma opinião.
Em que disciplina será incluída esta aprendizagem?
Será contratada uma qualquer equipa externa para ensinar?
Quem vai fornecer as bicicletas aos alunos? O ME ou uma qualquer empresa de algum “afiliado” à grande família do PS?
Se bem me lembro com os Magalhães aconteceu algo muito parecido…qual a empresa que sairá da falência técnica com esta medida?
As escolas terão capacidade para armazenar tantas bicicletas?
Qual o tempo de vida, estimado, de cada bicicleta?
Será optativa ou obrigatória?
A partir de que ano de escolaridade será introduzida esta medida?
Os que já sabem andar, o que farão nessas aulas?
Será só ensinar, técnicamente a andar, ou globalmente, incluindo regras de segurança rodoviária?
Concluíndo, queria apenas referir que esta medida mostra bem em que mundo social vivemos, mais uma “tarefa”, que era classicamente atribuída aos pais, que passa para a escola!
Claro que no meio desta medida estarão muitas crianças que se assim não fosse jamais aprenderiam a andar de bicicleta.
Governo quer que se ensine a andar de bicicleta na escola
Crianças do ensino básico a aprender na escola a andar de bicicleta — é isto que o Governo pretende implementar como forma de melhorar a sensibilização aos temas da mobilidade, uma das medidas que fazem parte da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa apresentadas na passada quinta-feira por António Costa, o ministro do Ambiente (Matos Fernandes), o secretário de Estado adjunto e da Mobilidade (José Mendes) e o presidente da Câmara do Barreiro (Frederico Rosa).
“As crianças têm uma capacidade de sensibilização enorme”, afirmou o secretário de Estado adjunto e da Mobilidade, citado na edição desta sexta-feira pelo jornal Público . “Todos os alunos terão a oportunidade de aprender a pedalar, num processo de formação faseado ao longo de vários níveis de escolaridade” é o que se lê na Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa. A ideia é que as ditas aulas, durante o 1º ciclo, sejam realizadas num ambiente protegido, sendo que depois, no 2º, 3º e Secundário, aconteçam em espaço público.
Estas modificações estão a fazer com que seja estudado o “alargamento da cobertura do seguro escolar”, sendo provável que no futuro este possa incluir proteção para acidentes que envolvam alunos e velocípedes. Pessoas com deficiências terão garantias de “condições apropriadas para aprender a pedalar” através do “empréstimo de bicicletas, cadeiras de rodas e disponibilização de outros equipamentos adaptados, particularmente em contexto escolar e em instituições do setor”, lê-se ainda no documento.
Na sequência da notícia do Público, José Mendes esclareceu, a meio da manhã desta sexta-feira, que este tema “não tem que entrar no currículo das escolas” e que não faz “sentido criar uma disciplina para a bicicleta”. A ideia “é levar as bicicletas às escolas, com algo em torno das atividades circunsculares ou outras — há uma série de formatos possíveis”.
Um Portugal “orgulhosamente ativo”, que considere tão “seguro e saudável” as opções de “pedalar e caminhar” que se torne algo”natural para as deslocações mais curtas”. São estes os objetivos traçados pela Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa, divulgados esta sexta-feira pelo jornal Público, onde figuram cerca de 51 medidas de fundo cultural, ambiental, educacional e legislativo que visam garantir esta transformação da mobilidade dos portugueses.
Mais 1500% de ciclistas
O Governo pretende ainda que até 2030, Portugal passe a andar mais de bicicleta deforma a que por essa altura seja possível atingir a média europeia de utilização de velocípedes, significando isso um aumento de 1500% em comparação com a realidade dos dias de hoje, em que apenas 0,5% dos portugueses utilizam este tipo de meio de transporte (deseja-se que passem a ser 7,5%).
É a deslocação em bicicleta que ganha maior destaque em todo este conjunto de medidas e seus objetivos. Ao diário português, José Mendes assume que o foco tem de ser colocado nas “viagens mais curtas, entre dois e seis quilómetros” realizadas, principalmente, em bicicletas elétricas, cuja compra, este ano, passou a ter um incentivo estatal. Mesmo assim, ressalva, os velocípedes serão apenas um “complemento” a ser utilizado em “articulação com os transportes públicos”. Em cima da mesa estão medidas como o aumento de 2000 para 10 000 quilómetros de ciclovia, campanhas e ações de formação sobre segurança com objetivo de reduzir para metade o número de acidentes com peões e ciclistas — “Para reduzir ao mínimo o número de vítimas, são necessárias campanhas continuadas de sensibilização, inovadoras e impactantes, envolvendo diferentes agentes”, lê-se no documento — , e “sinalética horizontal e vertical, específica e adequada para peões e velocípedes” será introduzida nas estradas portuguesas.
Será ainda estudada a hipótese de ser criado o “Princípio da Responsabilidade Objetiva”, que garantirá mais condições de segurança para peões e ciclistas, vão haver mais patrulhas de trânsito e incentivos, acertados junto de “grandes empresas e instituições”, para que trabalhadores escolham mais vezes o velocípede “no interior de complexos industriais ou parques empresariais, mediante disponibilização de equipamentos e serviços”.
Esta escolha da bicicleta é justificada pelo documento por ser uma boa forma de promover um estilo devida mais saudável, por fortalecer a economia, criação de emprego e diminuição da poluição, fator importante tendo em conta as metas dos Acordos de Paris, um deles sendo a neutralidade nas emissões de carbono a ser alcançada em 2050. De destacar também que estas medidas pretendem uma redução de40% nas emissões de CO2 até 2030.
José Mendes afirma ainda que até 2030 o Estado quer que “todos os portugueses tenham a perceção de que o modo ciclável não só é bom para eles como para o ambiente.” Pretende-se garantir “rácios mínimos de lugares para estacionamento de bicicleta em edifícios públicos e privados” bem como em outros “espaços públicos”, havendo ainda a vontade de dar mais atenção às “redes pedonais e cicláveis” nos planos diretores municipais. Da parte do Estado podem esperar-se incentivos fiscais no momento de aquisição de “bicicletas elétricas de perfil urbano”e apoios públicos que facilitem a transformação necessárias para tornar locais de trabalho mais acessíveis à utilização de velocípedes e no investimento em frotas de fim profissional.
Fonte: Observador