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FOMOS VISITADOS PELA INSPECÇÃO….-Luís Braga

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FOMOS VISITADOS PELA INSPECÇÃO….
Vou jogar na raspadinha.
Com a sorte restrita que estou, vai sair uma boa maquia.
Se sair, vou dar 10% do que ganhar à instituição onde residem os meus alunos que apoio no Plano Casa.
Se me sair, vou também pagar um copo a todos os colegas que vão comigo nos vários autocarros que vão partir de Viana para a manifestação de dia 14 (se me sair, atenção….)
E porque acho que vou ter sorte?
Em 800 e picos escolas/agrupamentos que existem em Portugal, qual é a escola onde a “equipa governativa” do Ministério da Educação manda expressamente a Inspeção verificar as condições de encerramento em dia de greve? A Abelheira, aquela onde estou subdiretor.
E com base numa alegação ridícula de que eu teria mandado fechar a escola, sustentado apenas na falta de um único funcionário (o porteiro)?
Alguém terá ouvido a atoarda numa reunião com a “equipa governativa” (na Maia?) e …pimba…saiu-nos a taluda.
O curioso é que várias pessoas que lá estiveram não ouviram.
Os governantes do Ministério da Educação não tem mais nada que fazer? Terão sido alucinações auditivas ou será que é como a proposta dos concursos, “uma existência inexistente”?
É logo na minha escola que há problemas que justifiquem uma visita destas?
Deixo o documento que foi distribuído a todos os pais e encarregados de educação para explicar como aqui funcionam as coisas em dias de greve.
Se algum membro da “equipa governativa” quiser mais esclarecimentos, estou sempre disponível.
Não me intimido. Há 200 anos, um antepassado meu participou no Sinédrio e na Revolução de 1820. Crescer com as referências de ser descendente de um revolucionário que podia ter acabado enforcado se a Revolução fosse derrotada, dá perspectiva.
Por isso, os boys e superboys que dominam a nossa política, não gostam da disciplina de História. Dá exemplos para nos guiarmos.
Deixo só uma nota: antes de ser subdiretor ou ativista sindical, sou professor e, antes de ser professor, sou cidadão.
Na minha vida profissional, como professor, não sirvo governos, partidos ou sindicatos, sirvo o Estado e Portugal.
Nunca fui um boy e tenho raiva deles por terem tomado o meu país.
Neste agrupamento, quem quer trabalhar, trabalha. Quem quer fazer greve, faz. A lei cumpre-se e há critérios de segurança para a abertura.
Talvez não fosse mau, em vez de mandar verificar o que supostamente ando a fazer, a “equipa governativa” verificar e resolver as razões porque há tanta gente com vontade de se juntar às greves e às manifestações.
PS: no Ministério da Educação, a ação disciplinar ser associada à política é uma velha tradição. O 1º ministro, no século XIX, D. António da Costa (autor de um livro ainda interessante sobre o Minho, entre outros), depois de deixar de o ser, levou com um processo, movido por denúncia dos que não gostavam da sua política.
Por isso, que espanto posso ter, eu, mísero parolo de Viana, que manda umas bocas sobre a sua própria vida, por sofrer práticas que são velha tradição portuguesa, desde o tempo dos cristãos-novos, velhas de séculos?