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“Espero que o futuro me reserve uma sala de aula”

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Desde criança que me fascina o mundo escolar, o cheiro dos livros, a sensação de aprender e, claro, a fonte de conhecimento: o/a professor/a. A minha professora do ensino básico sempre me disse que eu tinha tudo para ser professora. Sendo ainda uma criança, pensei que seria algo engraçado para inventar uma brincadeira e muito brinquei aos professores. Mas da pequena afirmação da minha professora primária e do gosto pela arte de partilhar conhecimento com os outros nasceu a vontade de enveredar pela docência.

No entanto, esta vontade só tomou forma de futuro profissional quando frequentei a licenciatura em Estudos Portugueses, onde aumentou o gosto pela gramática, pela cultura e pela literatura portuguesas. Unindo a minha preferência por estas áreas à minha vontade de comunicar e de partilhar conhecimento com os outros, percebi aquilo que os outros à minha volta (família, amigos e professores) já tinham percebido: a minha vocação é ser professora. Por isso neste momento estou a frequentar o mestrado em Ensino de Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário.

Estou prestes a iniciar o meu estágio e renovo a vontade que tenho de abraçar esta profissão que considero um desafio, onde terei de aprender com os erros e onde irei celebrar a mais pequena conquista que aconteça na sala de aula. Orientando-me pela pequena Carolina que adorava aprender novas letras e pela vontade de despertar os interesses dos alunos, espero ser uma professora que faça da disciplina de Português um lugar de descoberta e que seja significativo e útil para o quotidiano e para o futuro dos alunos. Apesar de encarar o meu futuro com otimismo e entusiasmo, tenho a perfeita noção de que será um caminho repleto de dificuldades que terei de enfrentar, como o cumprimento do ensino dos conteúdos estipulados pelas aprendizagens essenciais ou a procura de um equilíbrio entre as necessidades dos alunos e a sua preparação para os exames nacionais. Também sei que as condições de trabalho são outra dificuldade que vou encontrar na profissão que escolhi, seja pelas condições salariais, pela carga de trabalho burocrático ou pelo reconhecimento (ou falta dele) de alunos, pais e colegas que terei por cada maratona que fizer ao longo dos anos letivos.

No final de cada período ou ano letivo, o professor tem reu­niões com os pais e reuniões com o conselho de turma, onde se reflete sobre o desempenho dos alunos e o método que o professor utilizou para abordar os conteúdos escolares. Sei que muitas vezes o esforço que o professor faz para planear aulas e ensinar, da melhor forma que sabe, os seus alunos é resumida a uma apreciação que não reflete a essência do processo de ensino-aprendizagem. Entre a exigência e a gratidão, espero que o futuro me reserve uma sala de aula para ajudar a formar gerações e a mudar a história dos direitos dos professores.

Expresso