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Escolas contrataram até agora 810 professores sem formação

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Desde final de agosto, as escolas já tiveram necessidade de contratar 810 licenciados ou mestres em áreas relacionadas com as disciplinas às quais vão dar aulas, mas que não tiveram formação específica em ensino.

A maioria destas contratações de pessoas com as chamadas “habilitações próprias” aconteceram para o grupo de Informática, mas abrangem igualmente outras cadeiras para as quais já não foram encontrados candidatos nas listas nacionais de recrutamento, como Geografia, Física e Química e Biologia e Geologia.

 

Os números foram detalhados ao Expresso pelo ministro da Educação, depois da entrevista que deu esta manhã à SIC Notícias e na qual garantiu que entre a última sexta-feira e esta terça-feira já tinham sido resolvidos “cerca de mil horários” e lembrando que todas as semanas surgem mais pedidos das escolas, fruto de baixas médicas que são apresentadas e aposentações.

 

O primeiro passo para encontrar professores que substituam outros é percorrer as listas de reserva de recrutamento, onde estão os candidatos ( todos com formação específica para dar aulas) que manifestaram a sua disponibilidade para serem chamados para determinadas regiões e horários.

Se a lista já não tiver nomes ou se as ofertas forem recusadas, passa-se então para a contratação de escola. É apenas nesta fase que os horários podem ser atribuídos a quem não tem um mestrado em ensino. E a verdade é que já não há candidatos nas reservas de recrutamento para várias disciplinas em algumas regiões. Ou seja, de cada vez que surgir uma vaga, já se sabe que se terá de passar para a contratação direta pela escola.

É o que já acontece com Português, Matemática, Biologia e Geologia e Inglês para o quadro de zona pedagógica 7 (correspondente à região de Lisboa, desde Vila Franca de Xira até Sesimbra)) ou a Geografia para as escolas do Algarve. Ou seja, o número de contratados com habilitação própria tenderá sempre a subir.

No ano passado, e segundo dados do Ministério da Educação, as escolas contrataram um total de 2800 professores sem formação pedagógica para dar aulas, mais 400 do no ano letivo anterior.

Em relação aos requisitos exigidos para dar aulas a quem não é formado em ensino, mas tem uma licenciatura pós-Bolonha, foi publicado um decreto a estabelecer o número mínimo de créditos que os candidatos têm de ter. Por exemplo, para ensinar Matemática, História, Filosofia ou Geografia a alunos do 9º ao 12º é preciso um mínimo de 90 créditos, o que corresponde a ano e meio de formação superior em disciplinas das respetivas áreas. No caso do Português, basta 80 créditos.

Esta é uma medida que ajuda a resolver as dificuldades de substituição de professores no curto prazo, mas a ideia é que alguns destes profissionais que estão agora nas escolas possam fazer a sua profissionalização em serviço e ingressar depois na carreira docente. Falta, no entanto, aprovar a regulamentação desta medida, bem como outras alterações na formação inicial de professores. Uma delas passa por recuperar os estágios remunerados no final do mestrado em ensino e que também têm como objetivo ajudar a carreira mais atrativa.

Expresso