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Escolas. Compostos que existem no ar podem provocar rinite alérgica, revela estudo

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Há, no ar interior das escolas, compostos químicos capazes de influenciar o sistema hormonal das crianças. E essas substâncias, cientificamente chamadas disruptores (ou desreguladores) endócrinos, originam rinite alérgica.

Publicado na revista científica “Journal of Investigational Allergology and Clinical Immunology”, o trabalho mostrou que nas salas de aula onde há uma maior presença de disruptores endócrinos, as crianças apresentaram uma maior prevalência de rinite alérgica, uma doença inflamatória que provoca espirros e irritação da mucosa nasal.

Ao Observador, Inês Paciência, primeira autora da investigação, conta que foi analisada a qualidade do ar interior das escolas ao mesmo tempo que foram feitos testes nas crianças para detetar a existência e prevalência desta doença.

Percebemos que temos uma prevalência de 13% de crianças com rinite alérgica nas escolas avaliadas. A exposição, mesmo a baixas concentrações, a estas substâncias está relacionada com um aumento do risco de desenvolver a doença”, conta.

Há risco mesmo abaixo dos valores mínimos impostos pela OMS

Os desreguladores endócrinos são compostos químicos presentes em materiais muito diversos, como tintas que revestem paredes, tintas utilizadas para pintar, colas, pavimentos e mobiliário revestido com material plástico e até alguns produtos de limpeza.

Tintas usadas pelas crianças para pintar também podem conter substâncias desreguladoras do sistema endócrino.

Mesmo com valores de concentração abaixo dos níveis limite decretados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo decreto lei português, “existe uma probabilidade de risco”, garante a investigadora.

Inês Paciência sublinha ser “o período da infância um momento crítico para o estudo do impacto dos desreguladores endócrinos sobre a saúde, uma vez que as alterações registadas nesta idade podem prolongar-se até à vida adulta”.

Conclusões de um estudo anterior da mesma equipa do ISPUP, publicado na revista científica “Allergy”, já tinham relacionado a exposição a estas substâncias com um aumento do risco de desenvolver asma e obesidade.

Inês Paciência defende a ativação de medidas que diminuam o risco das crianças, começando pela sensibilização da comunidade escolar para a necessidade de aumentar o tempo e a frequência da ventilação das salas de aula. “É uma medida muito simples e pode diminuir o efeito desta exposição”, sublinha.

Mas para que os resultados sejam efetivos, é preciso também, segundo a investigadora, “evitar tintas e colas que sejam emissoras destas substâncias”, assim como escolher pavimento e mobiliário livre delas.