As escolas fizeram o que puderam, em duas semanas, para se adaptarem rapidamente às novas circunstâncias. Tendo em conta que estamos a falar de um sistema gigantesco que serve 1,3 milhão de estudantes, que o pessoal docente tem uma idade média bastante elevada e está muito pouco familiarizado com o uso de novas tecnologias, acho difícil fazer grandes críticas. Veremos o que se consegue preparar durante as férias da Páscoa.
Reportagens televisivas dão-nos dicas sobre o que devemos fazer quando temos os filhos em casa a estudar. Filhos num computador, pais noutro, em casas amplas e com propostas do apoio que os pais podem dar. Olho para aquilo e confirmo o que sempre soube: que a nossa comunicação social reproduz a bolha em que vive, ignorando não só as margens do país mas a sua maioria. Dois computadores em casa? Capacidade de dar apoio escolar reforçado enquanto se trabalha? Até há professores que mandam exercícios para imprimir. Sim, para imprimir.
A mudança radical que se deu por estes dias na vida de muitos miúdos e dos seus pais não está a ser vivida por todos da mesma forma. Os pais que estão em casa, em regime de teletrabalho, têm dificuldade em partilhar o espaço, o computador e o tempo de acompanhamento do estudo dos filhos com os deveres laborais. Isto partindo do princípio que há um computador. E mesmo assim, estou a falar de um país com diferenças sociais mas relativamente uniforme. Há o outro país, que não aparece em reportagens. Esse país desapareceu do radar. Porque o radar era a escola.
Se a escola é um dos mais poderosos elevadores sociais, quando ela encerra o elevador pára. As famílias mais pobres não têm acesso a computadores, a muitos dos exercícios ou às aulas. Não têm os instrumentos culturais para ajudar os filhos no estudo. Não têm até as condições físicas para que esse estudo seja possível. Sem a escola, milhares de crianças e jovens voltam a ficar enclausurados no espaço da desigualdade e da pobreza. Em alguns casos, confinados a espaços onde domina o abuso e a violência, sem a escapatória que a escola significava. E isto vai atrasar ainda mais os alunos mais pobres, tornando a corrida ainda mais injusta para aqueles que voltarão a ser os mais punidos pela crise que virá. A corrida vai ser desigual e seria bom que os mais prejudicados não começassem a ser punidos imediatamente.
A isto responde-se de uma forma: equidade. O que implica, quer na definição de prioridades, quer na alocação de recursos, quer na avaliação, desigualdade. Porque quem está em casa sem apoio e sem acesso a computador e à Internet, com pais culturalmente menos apetrechados, está entregue apenas às suas condições. Ser tratado da mesma forma que quem tem o que lhe falta seria um castigo social. E ser avaliado pelos mesmos critérios seria avaliar as suas condições sociais, e não as suas capacidades. A desigualdade que o discurso meritocrático dos privilegiados sempre ignorou torna-se agora gigantesca.
Não acredito, nem mesmo olhando para as previsões mais otimistas, que haja grande possibilidade de haver aulas presenciais a 4 de maio, dia definido pelo Governo como o limite para ainda valer a pena regressar às escolas. Assim como não acredito que haja condições físicas para organizar as provas de aferição e o absurdo exame do 9º ano. Nem me parece que, com as brutais dificuldades com que a escola tem de lidar, seja essa a prioridade.
Não havendo condições para ter aulas presenciais, fica a pergunta: vale a pena fazer o terceiro período? E havendo, será justo que tenha valor na classificação dos estudantes? Como já muita gente previa, o Governo vai recorrer à telescola para chegar a muitos alunos que não têm Internet. Para os alunos do secundário não se prevê esta solução e para os alunos abaixo do 9º ano não acompanha, não tira dúvidas, não motiva. E não é interativa como os meios que usam a Internet. Do que se percebeu não serão aulas na televisão, sem nenhuma eficácia para estudantes mais novos e até para os outros, mas materiais didáticos de apoio. Também espero que se recorra mais ao telemóvel para envio de material. Apesar de tudo, estão mais generalizados do que o computador. Mas nada disto ilude o óbvio: o confinamento dos estudantes em casa confina-os na sua desigualdade social. Isso não pode ser ignorado.
O meu primeiro instinto perante esta evidente desigualdade entre estudantes, intolerável para quem defende a escola pública como instrumento democrático, foi o de defender que mais valia não haver terceiro período. Como me explicou Ariana Cosme (https://www.perguntarnaoofende.pt/pno/ariana-cosme-coronavirus), académica que trabalha com as escolas que servem as populações mais carentes e marginalizadas, isso seria uma tragédia. Não pela matéria perdida – são dois meses e meio – , mas pelo abandono a que muitas crianças seriam atiradas por demasiado tempo. Sabendo que muitas delas só continuam ligadas à educação formal porque a escola pública não desistiu delas.
Fonte: Expresso
Tenho um menino no 3ano eu tenho telemóvel mas o menino não tem tlm nem tablets nem computador agora por causa do covid ele está com a minha filha já um computador mas o meu genro e a minha filha estão em teletrabalho eu estou a ficar preocupada com tudo isto obrigada
Já repararam no Pré-Escolar à 4feira .
O PRÉ ESCOLAR é na rtp2 logo de manhã
Desde fechou o J.INF PUBLICO envio histórias, LENDAS (Amêndoeiras em Flor, lenda dos ovos de chocolate).exercício de educação física, sugestões ( fazer a cama, lavar alguma loiça e limpar com o pano, limpar vidros….)Com o desperdício proposto que tenho sugerido e as famílias têm partilhado sugestões ” DAR LAÇOS NOS SAPATOS”
ASPIRAR. Experiências,, .MAS BRINCAM..Lego, matraquilhos, dominó.
Pais TIRAM FOTOS E ENVIAM mas por whatsApp…
Fazem desenhos recorram e colam. Têm 5/6 anos mas tb apetece à criança não fazer nada dormir.. falar pelo TLM com avó.
Onde está o vírus????? A criança de 5 anos ainda não o virem…
Com RTP2 ou sem RTP as birras não passam..
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