“A nossa realidade: neste agrupamento estão 800 alunos sem professor a uma ou mais disciplinas. Faltam seis assistentes operacionais”. O alerta está patente numa faixa gigante, colocada nas grades da Escola Secundária Sebastião da Gama, em Setúbal, e visa “chocar” quem por ali passa. Fonte que não quis identificar-se por temer represálias explica ao DN serem vários os objetivos do protesto. “Por um lado, mostrar a realidade do agrupamento, uma realidade igual a de muitas escolas do país, por outro lado, queremos desmontar a narrativa do Ministério da Educação, que afirma que as escolas estão a funcionar normalmente. O Governo está a enganar a opinião pública. Queremos mostrar a verdade da escola pública onde os alunos não têm os seus direitos garantidos, como o direito à educação, o direito a ter professor”, explica.
A mesma fonte adianta que a faixa foi colocada no início do ano escolar, sendo atualizada a cada semana. “O número de alunos sem professor já foi maior. A cada sexta-feira sai uma reserva de recrutamento de professores, que pode, ou não, ter candidatos para o agrupamento. E mesmo com candidatos colocados, muitos não aceitam os horários. É um problema que se verifica todos os anos e que tem vindo a piorar devido ao elevado custo de vida na Grande Lisboa”, salienta.
O DN contactou a direção do Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama, mas os responsáveis não quiseram prestar declarações.
Associação de pais quer garantia do direito à educação
Rui Moreira, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária Sebastião da Gama (ESSG) também afirma ao DN não se tratar de “algo novo” e alerta para “os pensos rápidos” usados para tentar fazer face ao problema. “A escola retirou professores aos alunos de 3.º ciclo para darem aulas às turmas de Secundário por causa dos exames nacionais, mas esquecem-se dos alunos de 9.º ano, por exemplo, que também vão ter exame às disciplinas de Português e Matemática”, refere.